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Petista citado por Vedoin diz que vai ao palanque de Lula
Cirilo repete presidente, segundo quem "ninguém pode ser julgado sem provas"
Ex-prefeito afirma que seu
nome foi usado e nega ter
intermediado liberação de
verbas para ambulâncias
no Ministério da Saúde
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dos principais implicados no escândalo dos sanguessugas, o ex-prefeito José Airton
Cirilo (PT) afirma, em entrevista à Folha, que mantém a candidatura a deputado federal e
subirá no palanque de Luiz
Inácio Lula da Silva quando ele
visitar o Ceará, o que deve
ocorrer ainda em agosto.
"Eu vou para a ofensiva. O
presidente Lula mesmo já disse
que ninguém pode julgar as
pessoas sem ter provas", disse
ele, contrariando petistas que
defendem que se mantenha
discreto para não prejudicar a
campanha presidencial.
O petista confirma ter sido
procurado por Darci e Luiz Antonio Vedoin, acusados de liderar a quadrilha que pagava propina a parlamentares em troca
de emendas ao Orçamento e
depois fraudava licitações para
compra de ambulâncias superfaturadas por prefeituras. Mas
nega ter intermediado liberação de verbas do Ministério da
Saúde que acabaram desviadas
pela Planam, dos Vedoin.
Cirilo reuniu-se ontem com
o presidente do PT, Ricardo
Berzoini, em Brasília. Segundo
ele, Berzoini acredita em sua
"sinceridade". Abaixo, os principais trechos da entrevista do
petista à Folha.
FOLHA - O que o sr. disse ao Ricardo
Berzoini, presidente do PT?
JOSÉ AIRTON CIRILO - Disse que as
denúncias não têm a menor
consistência. Esse cidadão
[Darci Vedoin] e o filho dele
[Luiz Antonio] me procuraram
porque queriam montar uma
fábrica de carroceria. Me interessei porque disseram que iam
implantar no Ceará. Eu tinha
saído de uma campanha a governador [do Ceará] e tinha interesse em ajudar.
FOLHA - Em que ano foi isso?
CIRILO - Final de 2003, mas eles
só apresentaram o projeto em
2004. Minha relação foi só em
razão desses contatos. Foram
eles que marcaram, lá no Banco
do Nordeste. Acompanhei a audiência. Ficaram ligando para
mim, para ver qual o resultado.
Depois eu soube que [o projeto]
não deu certo.
FOLHA - O sr. esteve quantas vezes
com os Vedoin?
CIRILO - No máximo umas quatro reuniões, no Ceará e em
Brasília.
FOLHA - Nos depoimentos, os Vedoin dizem que o sr. intermediava a
liberação de recursos junto ao ex-ministro da Saúde Humberto Costa.
CIRILO - Isso é totalmente fantasioso. Eu lhe afirmo categoricamente: estive com o Humberto Costa uma vez, em 20 de
março de 2003, para tratar da
campanha de erradicação da
pólio. Estão mentindo descaradamente e até entendo por quê.
FOLHA - Por quê?
CIRILO - O que aconteceu foi
que duas pessoas, o [José Caubi] Diniz e o [Raimundo] Lacerda se apresentaram aos Vedoin,
dizendo que eu era uma pessoa
que teria influência com o ministro [Costa]. Usaram meu nome, pelo fato de o Lacerda ser
meu sobrinho. Venderam uma
imagem de facilidade.
FOLHA - O Darci Vedoin foi enganado pelos dois?
CIRILO - Não tenho a menor dúvida disso. E agora que ele está
sob delação premiada, está carregando nas tintas. Não posso
aceitar.
FOLHA - O sr. cogita desistir da eleição?
CIRILO - Não, nunca. Minha
consciência está em paz. Estou
sendo vítima de uma campanha sórdida. Essa questão está
dentro de uma articulação
maior, de segmentos conservadores do PSDB, que querem detonar não a mim, mas atingir o
governo Lula.
FOLHA - Quem exatamente?
CIRILO - Não quero citar pessoalmente.
FOLHA - O PT está lhe dando respaldo?
CIRILO - O Berzoini disse que
acreditava na minha sinceridade, porque tudo que eu falo é
passível de comprovação.
FOLHA - O sr. pretende adotar um
tom mais discreto na campanha, para não prejudicar politicamente o
Lula?
CIRILO - Eu vou para o ofensiva.
O presidente Lula mesmo já
disse que ninguém pode julgar
as pessoas sem ter provas.
FOLHA - O Lula deve visitar o Ceará
dentro de algumas semanas. O sr.
vai estar no palanque?
CIRILO - Devo estar, evidente. É
impossível que eu seja massacrado dessa forma. A gente se
sente muito revoltado.
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