São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

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Depoimento de empresário complica três senadores

Luiz Vedoin afirma que Suassuna "apresentou emenda até para o Mato Grosso"

Dono da Planam reafirma que que pagou R$ 35 mil ao genro da senadora petista Serys Slhessarenko e deu Fiat Ducato a senador do PL


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à CPI dos Sanguessugas, o empresário Luiz Antonio Vedoin complicou a situação dos senadores Ney Suassuna (PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT), acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias.
Luiz Antonio disse acreditar que Suassuna sabia do esquema de fraudes nas emendas ao Orçamento da União. "Ele apresentou emenda até para o Mato Grosso", teria dito o empresário, segundo parlamentares que assistiram à sessão. Suassuna é senador da Paraíba.
O senador nega envolvimento com o esquema e atribui eventuais irregularidades a ex-assessores, demitidos por ele. Um dos donos da Planam, a empresa que comandava as irregularidades, Luiz Antonio confirmou ontem, mais uma vez, ter feito pagamentos de cerca de R$ 200 mil a então assessores de Suassuna, a título de pagamento pelo suposto direcionamento de emendas feitas pelo senador.
Em relação à senadora Serys, o empresário voltou a dizer que pagou R$ 35 mil a seu genro, Paulo Roberto. "Eu paguei ao genro dela e a emenda foi apresentada conforme o combinado", teria dito, de acordo com o relato de parlamentares ouvidos. O empresário teria ressaltado que, para provar a acusação, bastaria quebrar o sigilo do genro da senadora. Serys também nega qualquer envolvimento com o esquema.
O empresário também teria dito aos parlamentares que conversou diversas vezes com o chefe de gabinete de Magno Malta a respeito do Fiat Ducato que teria sido dado de presente pela Planam ao senador. Em sua defesa, Malta tem reiterado até agora que utilizou o automóvel, mas por meio de empréstimo, ocorrido em 2003, feito pelo deputado Lino Rossi (PP-MT) e "jamais por qualquer empresa".
Ontem, em depoimento ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), Marcelo Cardoso de Carvalho, assessor de Suassuna, teria dito que nunca deixou de comunicar ao senador sobre qualquer emenda que tenha feito. "Ele deixou claro que nunca fez nada sem o conhecimento do senador, pois seria deslealdade", disse Tuma.
O ex-assessor confirmou ter recebido dinheiro da família Vedoin, mas atribuiu o pagamento à venda de um barco, e não ao esquema fraudulento. O ex-assessor negou ter participação nas fraudes.

PF
A força-tarefa montada pela Polícia Federal para investigar o esquema ouviu ontem cinco assessores do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) que teriam recebido dinheiro da Planam. Todos negaram envolvimento do parlamentar com irregularidades.
Elias Moisés e Celso Augusto atribuem os valores recebidos a serviços prestados a Luiz Antonio Vedoin, sócio da Planam e responsável por pagamentos feitos pelo esquema a parlamentares. Os assessores Francisco Machado Filho e Vagner Sergio disseram à PF que emprestavam suas contas bancárias para que Luiz Antonio depositasse e sacasse dinheiro. Em troca, os laranjas receberiam modestos pagamentos regulares. Em seu depoimento, Machado Filho afirmou que alugava sua conta desde os tempos em que era assessor do deputado Lino Rossi. (LETÍCIA SANDER E ANDRÉA MICHAEL)


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