São Paulo, quinta, 4 de setembro de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REELEIÇÃO
Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra atacam na CCJ ex-deputado que disse que eles receberam dinheiro
Deputados do AC negam ter vendido voto


Já faz 114 dias que a Folha revelou as gravações que originaram o caso e
106 que o processo sobre a venda de votos está tramitando na CCJ



LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília


Os deputados Chicão Brígido (PMDB-AC), Osmir Lima (PFL-AC) e Zila Bezerra (PFL-AC), acu sados de terem vendido seus votos a favor da emenda da reeleição, usaram a mesma tática no depoimento de ontem à CCJ (Comissão de Consti tuição e Justiça), que apura o caso: desqualificar o ex-deputado Roni von Santiago.
Foi Santiago quem, em conver sas gravadas publicadas pela Fo lha, disse que eles receberam o di nheiro. "O Ronivon é um irres ponsável, que faz insinuações ir responsáveis", afirmou Chicão.
"O Ronivon é extremamente brincalhão. No dia da denúncia, ele me disse que tudo era brinca deira", disse Osmir.
Para Zila, "Ronivon é uma figu ra que tem de ser bem estudada. Ele é uma figura agradável, mas que fala coisas sem nexo".
No depoimento, os três negaram ter recebido entre R$ 100 mil e R$ 200 mil para aprovar a emenda.
Nas gravações, Santiago disse que vendeu o voto e envolveu os outros três deputados. O ex-depu tado João Maia também afirmou que recebeu dinheiro para votar a favor da emenda da reeleição.
Santiago e Maia, ambos do Acre, renunciaram ao mandato para evi tar a cassação. A Mesa da Câmara recomendou a abertura de proces so de cassação dos mandatos de Chicão, Osmir e Zila, por quebra do decoro parlamentar.
Chicão disse que conversou com o governador Orleir Cameli (sem partido-AC) sobre a reeleição, mas que este não lhe ofereceu vanta gens para votar a favor da emenda.
"O governador não teria a ousa dia de me fazer uma proposta in decente. Se ele foi ao meu gabinete com essa intenção, ao olhar nos meus olhos, desistiu", afirmou.
Nas gravações, Santiago disse que Cameli participou da compra de votos, junto com o governador Amazonino Mendes (PFL-AM).
Para Osmir, Santiago deve ter ci tado o seu nome devido à sua pro ximidade com Cameli, de quem se diz amigo de infância e de cujo go verno foi chefe da Casa Civil.
Zila foi mais contundente ao ne gar a denúncia. "As gravações são mentirosas, caluniosas, cheias de injúria e criminosas", afirmou.
O relator do processo, deputado Nelson Otoch (PSDB-CE), deu um prazo de cinco sessões para os acu sados apresentarem a defesa. Sua previsão é que, até o final do mês, a CCJ vote seu parecer, que será sub metido ao plenário da Câmara. Pa ra cassação, são necessários 256 votos, entre 513 parlamentares.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.