São Paulo, segunda-feira, 04 de setembro de 2000


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Polícia já prendeu 17 por 2 mortes em MS

CELSO BEJARANO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul já prendeu 17 pessoas suspeitas pelos assassinatos de dois sem-terra ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Cinco delas foram soltas e 12 continuam detidas. Do total de presos, sete teriam participado diretamente da execução.
O delegado que preside o inquérito, José Roberto Batistela, também investiga a participação nos crimes da sobrinha do senador Lúdio Coelho (PSDB-MS), a pecuarista Laura Costa Brito, dona da propriedade onde foram localizados os corpos dos sem-terra.
Até agora, segundo o delegado, o principal mandante dos crimes seria o empresário Cláudio Penhavel, que é dono da empresa Coes Segurança Ltda., que presta serviços de vigilância nas propriedades da família do senador, em Rio Brilhante. Penhavel e Laura vivem juntos, apesar de não serem casados oficialmente. Ele está preso desde sábado em Campo Grande.
Os sem-terra Sílvio Rodrigues de Souza, 25, que era líder regional do MST, e Ronildo da Silva, 36, foram achados mortos na sexta-feira, em Rio Brilhante, a 150 quilômetros de Campo Grande. Eles estavam com as mãos amarradas para trás e foram atingidos por três tiros na nuca cada um.
Segundo o delegado Batistela, a polícia conseguiu fazer as prisões a partir do depoimento de Claudiomiro Santucci Oliveira, que morava em um acampamento na região. Oliveira, segundo o delegado, atraiu as duas vítimas para uma emboscada, oferecendo-lhes carona na última quarta-feira.
Conforme confessou à polícia, Oliveira pegou os dois sem-terra e, no caminho, encontrou com os cinco seguranças da empresa Coes, que os aguardavam na fazenda Engenho Novo, propriedade da pecuarista Laura Brito.
Ainda segundo o delegado, os dois sem-terra foram mantidos em um cativeiro permanecendo por ali até a chegada do dono da empresa de segurança.
O depoimento de Oliveira indica que o empresário Penhavel determinou e assistiu os assassinatos. Oliveira, que receberia R$ 2 mil para atrair os sem-terra, teria sido o autor dos disparos.
Além de Penhavel e Oliveira estão presos os seguranças Neri Castro de Souza, Cláudio da Costa, Roberto Bezerra, Ben Hur Aquino Martins e Valmir Oliveira Soares. A polícia ainda não divulgou o nome dos outros presos.
A pecuarista Laura Aquino prestou depoimento anteontem e foi liberada no mesmo dia. "Ela é uma das suspeitas. Se for preciso vamos pedir a prisão temporária dela", avisou o delegado Batistela.
A Agência Folha não conseguiu localizar a pecuarista Laura Aquino para falar sobre o caso. Penhavel está preso e incomunicável.
O senador Lúdio Coelho, cuja família é dona de pelo menos 30 propriedades rurais no Estado, disse que lamenta as mortes.
"Quanto aos crimes, acho que isso aconteceu porque as ordens não estão sendo respeitadas", disse. Ele não quis comentar o suposto envolvimento da sobrinha.


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