São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Gravação em que prefeito da cidade gaúcha diz que "tá bom para surfista" vira problema para sua campanha à reeleição

Em fita, candidato do PT faz piada sobre enchente em Pelotas

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Uma fita de vídeo com comentários politicamente incorretos se tornou um problema para o prefeito de Pelotas e candidato à reeleição, Fernando Marroni (PT).
Na fita, que o mostra em visita à barragem Santa Bárbara durante enchentes em maio que deixaram Pelotas com mais de 600 desabrigados, Marroni diz: "Tá bom para surfista". Depois, comenta com o diretor do Serviço Autônomo de Saneamento local, Nilo Gularte: "Ei, Nilo, aproveitar aqui e fazer esporte radical, o que tu achas?"
Não é a primeira vez que uma fita gravada em Pelotas gera constrangimento ao PT. Em 2000, durante gravação para a campanha de Marroni, o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecia conversando com o então candidato e se referindo a Pelotas como "um pólo exportador de veados".
A candidata do PP à prefeitura na época, Leila Fetter, levou ao ar a cena, o que não tirou de Marroni a eleição, mas gerou pedidos de desculpas por parte de Marroni e de Lula. Na época, a fita foi usada até na campanha em São Paulo.
Pelotas é conhecida no anedotário popular como uma cidade de muitos gays. A origem do mito provavelmente se deve ao fato de que a elite rural no século 19 enviava seus filhos para estudar na França, e eles retornavam com modos e vestuários contrastantes com os dos gaúchos tradicionais.
Marroni se antecipou ao eventual uso político da fita e tornou público o conteúdo dela, apresentando-o à imprensa local. O coordenador da campanha do prefeito, Salvador Martins, disse que o comentário de Marroni ocorrera quando os flagelados já haviam sido recolhidos e abrigados pela prefeitura e tivera o objetivo de mostrar o quanto as águas estavam altas. O prefeito teria usado apenas uma figura de linguagem.
A fita foi exibida porque o PT temia a exploração dela. O partido obteve um mandado de busca e apreensão na produtora de TV do candidato do PPS, Bernardo de Souza, mas nada foi encontrado.


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