São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Tecon 1, em Sepetiba, só teve um interessado
Terminal é vendido pelo preço mínimo

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O terminal de contêineres do porto de Sepetiba (em Itaguaí, litoral sul do Rio) Tecon 1 foi arrematado ontem pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) por R$ 92,9 milhões -o preço mínimo.
Dos quatro concorrentes pré-qualificados, apenas a CSN participou do leilão, coincidindo com o agravamento da crise financeira internacional e a falta de recursos para captação no mercado.
Três outras grandes privatizações foram adiadas recentemente, embora o governo negue a influência direta da crise (leia quadro ao lado).

Prazos
A nova arrendatária, que não teve concorrentes no leilão, estima que, até o Tecon 1 poder movimentar contêineres, será preciso aguardar ainda entre um ano e um ano e meio.
Nesse período, serão realizadas obras e compras dos equipamentos necessários. Nos três primeiros anos, a CSN terá de investir cerca de R$ 70 milhões.
Em dois ou três meses, a siderúrgica deverá estar exportando aço pelo terminal. O Tecon deverá atingir, em 2003, a movimentação anual de 600 mil contêineres -volume que passa hoje pelo porto de Santos, o maior do país.
A Companhia Vale do Rio Doce entrará como sócia da CSN, com metade do capital da nova empresa, a Tecon S/A. O negócio ficará acertado na próxima sexta-feira, no pagamento de R$ 39 milhões. O restante do arrendamento será financiado em 276 parcelas mensais, com dois anos de carência.
A disposição da siderúrgica em adquirir o terminal foi apontada pelo presidente da Companhia Docas do Rio, Mauro Campos, como um dos motivos que teriam levado os outros grupos a desistir do negócio.
"Entraríamos de qualquer jeito", afirmou o superintendente de Infra-Estrutura e Energia da CSN, José Paulo de Oliveira Alves.
O arrendamento, uma espécie de aluguel, é válido por 25 anos e renovável por igual período.
"Nós, sociedade e governo, gostaríamos que a operação começasse hoje, mas há um investimento mínimo essencial a ser feito", afirmou o ministro Eliseu Padilha (Transportes), que esperava um ágio de até 170%.
Os recursos arrecadados com o leilão serão usados pela Companhia Docas do Rio para saldar parte da dívida que a estatal acumulou com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que deverá fechar o ano em R$ 100 milhões, contra R$ 400 milhões em 95.
O diretor da CSN afirma que os clientes do Tecon 1 pagarão os mesmos preços que a siderúrgica, arrendatária do porto, pelos serviços. As exportações da CSN representarão menos de 10% da movimentação de carga do Tecon 1.
Os arrendamentos dos portos renderam até agora R$ 450 milhões para o governo, segundo estimativas do ministro Padilha.
Essa cifra refere-se ao "filé mignon", o que inclui os terminais dos portos de Santos, do Rio e de Sepetiba. Juntos, esses portos respondem por mais de 80% da movimentação portuária do país.



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