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ELDORADO DO CARAJÁS
Sílvio Queiroz Mendonça é acusado de suposto suborno para inocentar policial militar
Justiça quebra sigilos de jurado no PA
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém
A Justiça do Pará decidiu quebrar os sigilos bancário e telefônico do jurado Sílvio Queiroz Mendonça, acusado de um suposto
suborno durante o julgamento do
massacre de Eldorado do Carajás,
em Belém (PA). O pedido foi feito
pela Polícia Civil, responsável pela investigação do caso.
O delegado Vicente de Paula
Costa quer descobrir se houve algum desvio de dinheiro na conta
do jurado durante os últimos seis
meses, período em que Mendonça participou do tribunal do júri
em alguns julgamentos.
Ele está sendo acusado de oferecer dinheiro ao suplente de jurado Fernando Brito durante o julgamento de Eldorado do Carajás.
Com a decisão, os bancos e as telefônicas têm 15 dias para apresentar os relatórios.
A denúncia contra Mendonça
foi feita pela vice-prefeita de Belém, Ana Júlia Carepa (PT). Brito
contou à Ana Júlia que Mendonça, em tom de brincadeira, ofereceu a ele R$ 3.000 ""para salvar o
coronel", referindo-se ao coronel
Mário Colares Pantoja, um dos
três réus absolvidos na primeira
sessão do julgamento.
Mendonça nega a acusação e
diz que nunca conversou com
Brito. O suplente, por sua vez,
confirmou sua versão ao Ministério Público e à polícia.
A Polícia Civil pediu também a
quebra dos sigilos bancário e telefônico de Brito, que ainda está
sendo analisada pela Justiça.
Julgamento parado
Desde 20 de agosto, quando o
promotor Marco Aurélio Nascimento abandonou a tribuna, o
julgamento do massacre de Eldorado do Carajás está parado.
O coronel Pantoja, o major José
Maria Oliveira e o capitão Raimundo Almendra Lameira foram
os únicos a serem julgados e absolvidos na primeira sessão, iniciada no dia 16 de agosto.
Eles eram os oficiais mais graduados das tropas que participaram da desobstrução da rodovia
PA-150, na curva do "S", em 17 de
abril de 1996, quando 19 sem-terra foram mortos e mais de 60 pessoas ficaram feridas.
Além desses oficiais, outros 147
policiais militares deveriam ser
julgados em outras 26 sessões até
3 de dezembro.
O Ministério Público, no entanto, tenta a anulação do primeiro
resultado, sob a alegação de que a
primeira sessão ""contaminaria"
as sessões seguintes.
Nas suas argumentações para o
pedido de anulação, Nascimento
anexou uma fita de vídeo onde
aparece o jurado Mendonça emitindo opinião, pouco antes do início da votação secreta do júri.
Além disso, o promotor questiona a utilização do quesito (pergunta feita aos jurados) sobre insuficiência de provas.
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