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TURISMO OFICIAL
Clóvis Carvalho voou 370 vezes, segundo relatório
Governo regulamenta uso de aviões da FAB por autoridades
da Sucursal de Brasília
Ministros e autoridades federais
que desejarem usar os aviões da
FAB (Força Aérea Brasileira) a
partir de agora terão de estar a
serviço ou ter um motivo de segurança ou de urgência.
Eles não perderam, porém, o direito de visitar gratuitamente suas
famílias ou bases eleitorais, já que
as aeronaves da FAB poderão ser
requisitados para "deslocamentos para o local de residência permanente".
A regulamentação do uso dos
jatinhos da Força Aérea Brasileira
foi publicada ontem no "Diário
Oficial" da União, quatro meses
depois de o país ter descoberto
que ministros e outras autoridades, como o procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro,
passeavam à custa da União.
Fernando de Noronha
Em maio último, soube-se que
vários ministros e ex-ministros
do governo Fernando Henrique
Cardoso pegavam o transporte
aéreo gratuito do governo para ir
ao arquipélago de Fernando de
Noronha, em Pernambuco, um
paraíso tropical onde a hospedagem também ficava na conta do
Ministério da Aeronáutica.
O campeão é o ministro do Desenvolvimento, Clóvis Carvalho.
Quando ainda era o titular da Casa Civil, Carvalho viu estampada
nos jornais e revistas a folia de seu
último Carnaval.
Em fevereiro último, o ministro
pegou a família e agregados e desembarcou de um avião Brasília
em Fernando de Noronha.
Ele e seus oito convidados foram hóspedes do Hotel de Trânsito, que pertence ao Ministério da
Aeronáutica.
Até ser descoberto pela imprensa, o ministro não havia pago pela
viagem ou pela hospedagem. Depois, desembolsou R$ 25 mil.
Paga a conta, soube-se que Carvalho fez outras três viagens ao arquipélago.
O mesmo aconteceu com o procurador-geral da República.
Em janeiro último, Brindeiro
esteve na ilha com a mulher e filhos, usou avião da FAB, serviu-se
da hospedagem da Aeronáutica e
não pagou. O procurador-geral só
abriu a carteira quatro meses depois, quando viu publicada a história de Carvalho.
Constrangido e em campanha
pela recondução ao cargo, Brindeiro exibiu recibo dos R$ 18 mil
que pagou ao governo, distribuiu
nota à imprensa e ainda pediu
desculpas aos colegas.
Como Carvalho, Brindeiro também silenciou sobre outras duas
viagens a Noronha.
Uma a cada três dias
Ontem o senador Ademir Andrade (PSB-PA) divulgou relatório do Ministério da Aeronáutica
segundo o qual Carvalho usou
aviões da FAB 370 vezes, no período de 1995 a 98. "Foi quase
uma viagem a cada três dias, o
que é um gasto abusivo de dinheiro público", afirmou o senador.
Ele disse estar "estarrecido"
com o número de viagens realizadas por Carvalho em aviões federais, a maior parte em rotas cobertas por empresas privadas, como o eixo Brasília-São Paulo, onde mora a família do ministro.
A Folha procurou ontem a assessoria de Clóvis Carvalho, mas
não obteve resposta até o fechamento desta edição.
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