|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO AGRÁRIA
Recursos são para alfabetizar assentados; para Jungmann, não será possível ampliar atendimento
Governo libera R$ 14 milhões para o MST
DANIELA NAHASS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo da resposta dos
sem-terra, o governo começou a
atender os pontos menos polêmicos da pauta de reivindicação
acertada na noite de domingo durante a reunião entre o presidente
Fernando Henrique e o secretário-nacional da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno.
A proposta do governo foi entregue anteontem por dom Raymundo a Gilberto Portes, um dos
líderes do movimento. O MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) prometeu resposta oficial até a terça-feira.
Ontem foram liberados R$ 14
milhões para o Pronera (Programa Nacional de Educação para a
Reforma Agrária). O governo havia prometido à CNBB liberar esses recursos até 15 de outubro.
Ainda hoje, o Ministério da Saúde
vai liberar R$ 1 milhão para o programa "Farmácia Verde", outra
reivindicação dos sem-terra.
O chefe de gabinete do ministro
Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), Fernando Abreu, enviou ontem uma carta a Gilberto
Portes sobre a iniciativa.
O ministro disse ontem que o
governo não está se antecipando à
resposta do MST. "Se demorarmos a liberar os recursos, não será
possível gastar o dinheiro até o final do ano", afirmou.
A Folha apurou que, com a agilidade na liberação dos recursos, o
governo pretende mostrar que está disposto a atender às reivindicações do MST -com exceção da
liberação do crédito facilitado para 110 mil famílias assentadas.
Em setembro, o MST divulgou
nota dizendo que o governo não
havia honrado a liberação de R$
22 milhões para o Pronera. Segundo o movimento, o dinheiro
seria para pagar trabalhos de 99 e
atender novos projetos, aumentando o número de atendidos.
Anteontem, ao tomar conhecimento da intenção do governo de
liberar os recursos, Portes disse
que a verba é insuficiente para
ampliar o programa. Ontem, Portes não respondeu às ligações da
Folha. Jungmann admitiu que a
verba só manterá o atendimento.
Segundo o MST, há 51 mil assentados. Os programas aprovados no final de 99 atenderiam
mais 30 mil. A alfabetização é feita
por 50 universidades.
O governo pede a relação das
110 mil famílias que pleiteiam crédito facilitado. Como não houve
acordo sobre o crédito extra de R$
2.000 nas condições da linha A do
Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar), o governo quer informações para facilitar o acesso desses assentados à linha C do Pronaf. Os sem-terra reclamam que
não podem cumprir as garantias
exigidas pelos bancos na linha C.
Texto Anterior: Narcotráfico: PF mostra Operação Cobra a governo norte-americano Próximo Texto: Famílias ligadas à CUT invadem fazenda em MS Índice
|