São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA

Recursos são para alfabetizar assentados; para Jungmann, não será possível ampliar atendimento
Governo libera R$ 14 milhões para o MST

DANIELA NAHASS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes mesmo da resposta dos sem-terra, o governo começou a atender os pontos menos polêmicos da pauta de reivindicação acertada na noite de domingo durante a reunião entre o presidente Fernando Henrique e o secretário-nacional da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Raymundo Damasceno.
A proposta do governo foi entregue anteontem por dom Raymundo a Gilberto Portes, um dos líderes do movimento. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) prometeu resposta oficial até a terça-feira.
Ontem foram liberados R$ 14 milhões para o Pronera (Programa Nacional de Educação para a Reforma Agrária). O governo havia prometido à CNBB liberar esses recursos até 15 de outubro. Ainda hoje, o Ministério da Saúde vai liberar R$ 1 milhão para o programa "Farmácia Verde", outra reivindicação dos sem-terra.
O chefe de gabinete do ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), Fernando Abreu, enviou ontem uma carta a Gilberto Portes sobre a iniciativa.
O ministro disse ontem que o governo não está se antecipando à resposta do MST. "Se demorarmos a liberar os recursos, não será possível gastar o dinheiro até o final do ano", afirmou.
A Folha apurou que, com a agilidade na liberação dos recursos, o governo pretende mostrar que está disposto a atender às reivindicações do MST -com exceção da liberação do crédito facilitado para 110 mil famílias assentadas.
Em setembro, o MST divulgou nota dizendo que o governo não havia honrado a liberação de R$ 22 milhões para o Pronera. Segundo o movimento, o dinheiro seria para pagar trabalhos de 99 e atender novos projetos, aumentando o número de atendidos.
Anteontem, ao tomar conhecimento da intenção do governo de liberar os recursos, Portes disse que a verba é insuficiente para ampliar o programa. Ontem, Portes não respondeu às ligações da Folha. Jungmann admitiu que a verba só manterá o atendimento.
Segundo o MST, há 51 mil assentados. Os programas aprovados no final de 99 atenderiam mais 30 mil. A alfabetização é feita por 50 universidades.
O governo pede a relação das 110 mil famílias que pleiteiam crédito facilitado. Como não houve acordo sobre o crédito extra de R$ 2.000 nas condições da linha A do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o governo quer informações para facilitar o acesso desses assentados à linha C do Pronaf. Os sem-terra reclamam que não podem cumprir as garantias exigidas pelos bancos na linha C.



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