São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2000

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GOVERNO

ACM atacou ministros do PMDB e do PSDB e disse que o desempenho da oposição nas eleições serve de "advertência" ao presidente Fernando Henrique Cardoso
Após 1º turno, aliados entram em guerra

RAQUEL ULHÔA
KENNEDY ALENCAR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


A base do governo entrou em guerra ontem, no primeiro dia de funcionamento do Congresso após o primeiro turno das eleições. O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL), defendeu mudanças na equipe do presidente Fernando Henrique Cardoso e atacou ministros do PMDB e do PSDB.
"ACM que formalize as queixas ao presidente. Os ministros são do presidente. Ele que ature ACM", respondeu o presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA).
ACM disse também que o desempenho da oposição na eleição municipal serve de "advertência" ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
""O PT cresceu em todo o país porque encarnou o espírito de oposição. É uma advertência que toda eleição oferece aos políticos. Cada eleição é uma lição. Só não aprende aquele que não quer ouvir o recado das urnas", afirmou ACM, contestando FHC, que disse anteontem que nenhum partido saiu derrotado ou vitorioso das urnas e que todos tiveram desempenho semelhante.
Já o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), disse que "o resultado das eleições, com um bom desempenho das oposições nas capitais, é uma alerta para o governo e para os partidos de sua base de sustentação".
As disputas por espaços no governo, as eleições para as presidências do Senado e da Câmara e a sucessão presidencial de 2002 são o pano de fundo do desentendimento na base do governo.
ACM bombardeia a candidatura do peemedebista Jader à presidência do Senado e quer inviabilizar a eventual candidatura presidencial do ministro tucano José Serra (Saúde). Serra foi atacado por ACM, que prefere o tucano e governador do Ceará, Tasso Jereissati, como candidato em 2002.
""O Ministério da Saúde está dividido: algumas ações são boas e outras são demagógicas. O ministro José Serra fala muito da redução dos preços dos remédios. Mas é só discurso. Na prática, os preços estão altos e ninguém consegue comprar. É tudo uma farsa. O presidente tem de ver isso", afirmou ACM.
""O presidente deveria rever alguns procedimentos na área de ministros. Por exemplo: quem está satisfeito com as estradas no país? Ninguém. Logo, esse ministério não está funcionando", disse o pefelista, referindo-se ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, que é do PMDB.
ACM criticou o fato de o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) ter liberado recursos para municípios baianos para beneficiar candidatos apoiados por seu partido, o PMDB.
Serra, de acordo com ACM, fez o mesmo. O senador disse ter trazido da Bahia um ""dossiê" contra Serra e Bezerra, para entregar ao presidente.
"Ele (FHC) acha que, porque a gente defende ele aqui no Congresso, a gente engole tudo; eu não engulo. Por isso, tive êxito (na eleição baiana)", afirmou o senador baiano. O grupo de ACM reelegeu o prefeito de Salvador, Antonio Imbassahy, no primeiro turno e teve excelente desempenho no interior baiano.
Foi o caso do município de Itapetinga, na Bahia, onde FHC chegou a gravar mensagem elogiando o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, utilizada na campanha de Michel José Hagge, que perdeu a eleição para o candidato de ACM, José Otávio. O apoio do presidente gerou uma crise entre ACM e FHC.
""Ganhei por causa do presidente. Nós iríamos perder, se o presidente não se metesse. Eu não ia nem entrar na campanha", disse o senador.
Enquanto o peemedebista Jader disse que o desempenho do PMDB "o credencia tanto quanto as outras siglas aliadas" a apresentar um presidenciável, Temer afirmou que o nome do candidato em 2002 não deve sair necessariamente do PSDB, que indicou FHC para a cabeça-de-chapa em 1994 e 1998. "O nome tem de sair da aliança e não de um partido específico".
Temer defendeu a união dos governistas para 2002. Segundo ele, o PMDB, o PFL e o PSDB, os principais partidos que apóiam FHC, devem "manter a aliança nacional em 2002 com repercussão nos acordos regionais para as eleições dos governadores".


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