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RIO DE JANEIRO
Grupo do governador avalia que dificilmente conseguirá destituir Brizola do
controle do PDT, então, o caminho deve ser o de procurar outro partido, o PSB, até o final do ano
Garotinho aposta tudo contra Brizola
MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO
LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Anthony
Garotinho, e seu grupo político já
definiram o cronograma e a estratégia para enfrentar o ex-governador Leonel Brizola pelo controle
do PDT. Eles concluíram que têm
mais de um terço do Diretório
Nacional, número suficiente para
convocar em novembro uma reunião extraordinária do próprio
diretório.
Embora considere difícil vencer
Brizola nos fóruns deliberativos
do PDT, Garotinho pretende
apresentar uma chapa própria
para disputar a direção nacional
do partido e substituir a liderança
de Brizola. Com essa estratégia,
ele pretende deixar claro que esgotou todos os recursos para permanecer no partido.
Como seu próprio grupo avalia
que dificilmente conseguirá destituir Brizola, o caminho será o de
procurar outro partido, o PSB, até
o final do ano.
O PDT tem hoje 22 deputados
federais, 77 deputados estaduais e
285 prefeitos. Os correligionários
do governador do Rio calculam
que poderão levar 17 deputados
federais, 40 estaduais e cerca de
cem prefeitos. É um número provavelmente inflacionado.
Embora tenha publicamente retirado a sua candidatura à Presidência da República em 2002 e
reafirmado sua intenção de disputar a reeleição para o governo
do Estado, Garotinho continua a
fazer contas e articulações para
um projeto nacional. O PDT ganhou no primeiro turno em duas
capitais. Nas contas do grupo de
Garotinho, a vitória do PDT em
São Luís (MA), com Jackson Lago, está na conta de Brizola.
Mas faz parte do seu esquema o
outro prefeito já eleito, o de Porto
Velho (RO), Carlos Alberto Camurça. Garotinho esteve na cidade durante a campanha e mobilizou o setor evangélico a favor de
Camurça. Ainda em Roraima, ele
ajudou a eleger o prefeito do segundo município do Estado, Ji-Paraná.
O primeiro passo na estratégia
do grupo do governador é a convocação extraordinária do Diretório Nacional. Sua composição
mostra como o PDT virou um
partido basicamente fluminense e
gaúcho. De 158 membros, 72 representam o Estado do Rio e 25 o
Rio Grande do Sul. Estados com
grandes colégios eleitorais como
São Paulo e Minas têm apenas
cinco representantes cada um no
diretório.
Caso seu projeto de permanência no PDT fracasse, Garotinho
terá dificuldades para viabilizar
uma operação de desembarque
no PSB -a opção escolhida e já
comunicada a aliados e assessores
mais próximos.
O PSB já faz parte do governo
do pedetista. Entre os cargos ocupados, estão as secretarias do Trabalho e de Saneamento.
Entretanto, até agora não houve
conversa formal com lideranças
do PSB, apenas sondagens. "É
aquela estória do Garrincha com
o lateral russo. Falta combinar
com o adversário", afirmou o vice-presidente nacional do partido, Roberto Amaral.
A Folha apurou que o presidente nacional do PSB, o ex-governador Miguel Arraes, é uma das lideranças que desaprova o ingresso do governador do Rio. Um dos
motivos é que Arraes não concorda com a forma como Garotinho
vem se comportando com Brizola
na disputa pelo controle do PDT.
O processo eleitoral no Estado
do Rio também provocou descontentamento com a participação de Garotinho na campanha
de pedetistas que disputavam
prefeituras com políticos do PSB.
Há queixas de que o governador
"jogou pesado".
A resistência interna à presença
de Garotinho no PSB é um complicador importante para o governador do Rio, que optou pelo PSB
até por uma questão de exclusão.
O ingresso em outros partidos de
esquerda ou centro-esquerda seria mais complicado. O PPS, por
exemplo, já tem um presidenciável, Ciro Gomes.
O quadro eleitoral em 2002 também pode ser um obstáculo à entrada no PSB. Há um grupo dentro do partido que gostaria que a
legenda apoiasse uma candidatura à Presidência do governador de
Minas Gerais, Itamar Franco.
"Ninguém vai entrar no partido
com um projeto político já definido", afirma o ex-ministro e ex-prefeito carioca Jamil Haddad,
presidente de honra do PSB. "Ele
não pode vir com a pretensão de
se candidatar à Presidência."
Qualquer decisão não será decidida regionalmente. A Executiva
Nacional já informou a Executiva
Regional que ela dará a palavra final. "O PSB é um partido que não
tem donos e não tem caudilhos. É
preciso se submeter a certas normas partidárias", disse Haddad.
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