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SUCESSÃO NO ESCURO
Efeito Ciro infla PPS e PTB; PL cresce para 22 deputados
Trocas de legenda reduzem as bancadas do PSDB e PFL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A um ano da eleição, congressistas e governadores atropelam o
debate sobre fidelidade partidária, instalam-se em legendas mais
confortáveis para seus interesses
eleitorais e aproveitam os últimos
dias do troca-troca partidário.
Nos últimos dez dias, 15 deputados e quatro senadores oficializaram a troca de partido. O número
é de ontem à noite, mas vai aumentar: o prazo para os futuros
candidatos mudarem de partido
termina no próximo sábado. Desde o início da legislatura, em 1999,
até ontem, 156 deputados haviam
mudado de partido (30% do total). Entre a véspera e o dia da posse, 20 eleitos trocaram de legenda.
No Senado, o vencedor da corrida é o PTB, que começou a legislatura apenas com Arlindo Porto
(MG) e agora tem cinco senadores. Na Câmara, o campeão é o
PPS: elegeu três deputados e ontem à noite somava 13.
O efeito Ciro Gomes, candidato
do PPS à Presidência, empurrou a
legenda. Ao se colocar como uma
terceira via eleitoral, o PPS abriu
seu projeto eleitoral para o PTB.
Assim, da mesma forma que no
Senado, os petebistas apresentaram um crescimento acentuado
na Câmara neste ano. Somavam
apenas 23 deputados em janeiro e
ontem à noite tinham 31. "Além
do fator Ciro, crescemos porque
não há atritos e temos a clara marca de um partido de centro", disse
Luiz Antônio Fleury Filho.
Outro bom desempenho na Câmara foi o do PL. Em 1998, o partido mandou para Brasília 12 deputados. Ontem à noite, tinha 22
-um crescimento de 83%. Nos
bastidores, diz-se que o PL é hoje
o principal partido para viabilizar
o projeto político dos evangélicos.
Figura conhecida nos tapetes
verdes da Câmara, o deputado
Bispo Rodrigues (RJ) trabalha como líder informal do PL -formalmente a liderança cabe a Valdemar Costa Neto (SP).
Rodrigues passou os últimos
dias articulando para aumentar a
bancada. Dentro e fora do PL, Rodrigues, da Igreja Universal do
Reino de Deus, é o principal porta-voz da bancada evangélica na
Câmara, que soma 51 deputados.
"Deixa eu correr para ver se
consigo mais um", disse Rodrigues ontem à Folha, apressado.
Nesta reta final, a tendência é
que os grandes partidos percam
quadros para os pequenos. Trata-se de uma conveniência eleitoral,
pois a disputa interna em legendas menores facilita a eleição com
menos votos e abre palanques para as disputas majoritárias.
À custa de uma baixa no PSDB,
o PV voltou a brilhar no painel
eletrônico da Câmara, com a migração do ex-tucano Clovis Volpi,
que chegou a Brasília como suplente e quer um outro mandato.
Entre os três maiores partidos
na Câmara, o único que apresenta
um número de deputados superior ao que elegeu é o PMDB (elegeu 83, ontem tinha 93). PSDB e
PFL perderam, respectivamente,
sete e dez representantes na Casa.
Mas há reveses peemedebistas
pontuais, como na Paraíba, onde
o partido elegeu cinco deputados
e perdeu quatro para os tucanos.
No Senado, dos três representantes peemedebistas, o estado ficou com apenas um -Ney Suassuna- e perdeu Ronaldo Cunha
Lima para os tucanos e Wellington Roberto para o PTB.
Caminho inverso seguiu o senador Sérgio Machado, que trocou o
ninho tucano pelo PMDB para
conseguir subir no palanque e
disputar o governo do Ceará.
O senador José Alencar trocou o
PMDB pelo PL, que sonha emplacar com o mineiro a candidatura a
vice na chapa de Lula (PT).
Na semana passada, na reunião
de líderes de partido que discutiu
a possibilidade de votar na Câmara a reforma política aprovada no
Senado, representantes do PDT,
PPS e PTB discordaram. A discussão sobre fidelidade partidária ficou para outra oportunidade.
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