São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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RETA FINAL

Presidente da Fiesp recomenda "modéstia" e "humildade" ao candidato petista nas negociações de eventual governo

Lula precisa conter radicais do PT, diz Piva

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Horacio Piva, fez ontem advertência para que Lula ""controle o ímpeto de seus correligionários", em referência aos radicais do PT, no caso de a eleição presidencial ser definida já no primeiro turno. De acordo com Piva, é preciso haver muita humildade e modéstia nas negociações para a formação de coalizão que considera ""inevitável" entre PT e PSDB.
Feita a advertência, o dirigente empresarial disse no entanto que acredita ser muito difícil a uma definição da eleição no domingo.
""Isso é uma preocupação [a influência dos chamados radicais nas decisões do partido". Mas o Lula vem dado mostras bastante claras que possui muito controle sobre o partido, sobre seus correligionários. Ele efetivamente é um líder", disse o empresário. Para completar: ""É natural que um partido que tenha lutado tantos anos para chegar ao poder que no dia seguinte [à eventual vitória" e apresente sinais de alguma arrogância. É isso que preciso ter muita serenidade neste momento."
Piva prenunciou um pacto entre o partido de Lula e o PSDB, do ex-ministro José Serra, para assegurar a governabilidade ao presidente eleito, qualquer que seja ele. "Se o PSDB ganhar, vai querer colocar gente do PT e vice-versa."
"Não vejo outra forma de superar os enormes problemas que estamos vivendo e desenharmos um projeto para os próximos anos, de comum acordo com a sociedade, se não houver um entendimento entre trabalhadores, empresários e governo."
O argumento usado pelo empresário para ratificar a tese do pacto entre os dois partidos é o que nenhum deles terá maioria no novo Congresso. ""Não haverá mais MPs [instrumento que permite ao presidente ditar normas". Se vencer, o PT terá 20% de base governista. O PSDB, 35%, 40% do Congresso. Vão ter que negociar apoio", afirmou ele.
Segundo presidente da Fiesp, uma eventual decisão do pleito no primeiro turno permitiria que ""as aliança entre os dois partidos fossem menos conflitadas" do que ocorreria passadas mais três semanas de debate público (ou seja, pós segundo turno). Ao insistir nessa tese de pacto de governabilidade entre PT e PSDB, o empresário, embora não declarasse, tomou por sepultadas as possibilidades do avanço ao segundo turno do ex-governador Anthony Garotinho (PSB). Garotinho acumula 17% dos votos válidos, segundo o Datafolha, divulgada ontem, contra os 22% de José Serra e os 49% de votos válidos para Lula. Para ser eleito no primeiro turno, o petista necessita de 50% dos votos válidos mais um voto.
Horacio Piva defendeu ainda que o presidente eleito divulgue de forma rápida uma agenda de reformas e informar qual será o tratamento de questões como exportações e política monetária.

Correntes
O próprio Piva aproveitara-se da divulgação mensal do INA (Indicador do Nível de Atividade Industrial) elaborado pela Fiesp para afirmar que a entidade não estava apoiando oficialmente nenhum candidato. Nos últimos dias, uma série de membros da Fiesp declarou seu apoio público a um ou outro concorrente.
Segundo ele, há duas correntes dentro da Fiesp: os que apostam em Serra -e obviamente esperam por um segundo turno. E aqueles que, de acordo com ele, esperam uma ""resolução rápida" -o que, pela simples lógica das pesquisas, significaria esperar pela vitória do petista.


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