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RETA FINAL
Presidente da Fiesp recomenda "modéstia" e "humildade" ao candidato petista nas negociações de eventual governo
Lula precisa conter radicais do PT, diz Piva
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo),
Horacio Piva, fez ontem advertência para que Lula ""controle o
ímpeto de seus correligionários",
em referência aos radicais do PT,
no caso de a eleição presidencial
ser definida já no primeiro turno.
De acordo com Piva, é preciso haver muita humildade e modéstia
nas negociações para a formação
de coalizão que considera ""inevitável" entre PT e PSDB.
Feita a advertência, o dirigente
empresarial disse no entanto que
acredita ser muito difícil a uma
definição da eleição no domingo.
""Isso é uma preocupação [a influência dos chamados radicais
nas decisões do partido". Mas o
Lula vem dado mostras bastante
claras que possui muito controle
sobre o partido, sobre seus correligionários. Ele efetivamente é um
líder", disse o empresário. Para
completar: ""É natural que um
partido que tenha lutado tantos
anos para chegar ao poder que no
dia seguinte [à eventual vitória" e
apresente sinais de alguma arrogância. É isso que preciso ter muita serenidade neste momento."
Piva prenunciou um pacto entre
o partido de Lula e o PSDB, do ex-ministro José Serra, para assegurar a governabilidade ao presidente eleito, qualquer que seja ele.
"Se o PSDB ganhar, vai querer colocar gente do PT e vice-versa."
"Não vejo outra forma de superar os enormes problemas que estamos vivendo e desenharmos
um projeto para os próximos
anos, de comum acordo com a sociedade, se não houver um entendimento entre trabalhadores, empresários e governo."
O argumento usado pelo empresário para ratificar a tese do
pacto entre os dois partidos é o
que nenhum deles terá maioria
no novo Congresso. ""Não haverá
mais MPs [instrumento que permite ao presidente ditar normas".
Se vencer, o PT terá 20% de base
governista. O PSDB, 35%, 40% do
Congresso. Vão ter que negociar
apoio", afirmou ele.
Segundo presidente da Fiesp,
uma eventual decisão do pleito no
primeiro turno permitiria que ""as
aliança entre os dois partidos fossem menos conflitadas" do que
ocorreria passadas mais três semanas de debate público (ou seja,
pós segundo turno). Ao insistir
nessa tese de pacto de governabilidade entre PT e PSDB, o empresário, embora não declarasse, tomou por sepultadas as possibilidades do avanço ao segundo turno do ex-governador Anthony
Garotinho (PSB). Garotinho acumula 17% dos votos válidos, segundo o Datafolha, divulgada ontem, contra os 22% de José Serra e
os 49% de votos válidos para Lula.
Para ser eleito no primeiro turno,
o petista necessita de 50% dos votos válidos mais um voto.
Horacio Piva defendeu ainda
que o presidente eleito divulgue
de forma rápida uma agenda de
reformas e informar qual será o
tratamento de questões como exportações e política monetária.
Correntes
O próprio Piva aproveitara-se
da divulgação mensal do INA (Indicador do Nível de Atividade Industrial) elaborado pela Fiesp para afirmar que a entidade não estava apoiando oficialmente nenhum candidato. Nos últimos
dias, uma série de membros da
Fiesp declarou seu apoio público
a um ou outro concorrente.
Segundo ele, há duas correntes
dentro da Fiesp: os que apostam
em Serra -e obviamente esperam por um segundo turno. E
aqueles que, de acordo com ele,
esperam uma ""resolução rápida"
-o que, pela simples lógica das
pesquisas, significaria esperar pela vitória do petista.
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