São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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Corretora dos EUA cria 'portfólio Lula'

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A dias das eleições presidenciais brasileiras, um economista de uma corretora de valores baseada em Boston (Estado de Massachusetts), nos Estados Unidos, criou para seus investidores o que batizou de "portfólio Lula". No jargão de mercado, portfólio é um conjunto de opções de investimento em ações de empresas.
Segundo Urban Larson, que administra patrimônios na América Latina para a Baring Asset Management, o portfólio mistura de maneira segura papéis de exportadores brasileiros e de empresas com pouca dívida, que poderiam se beneficiar com novas desvalorizações do real ou sobreviveriam a uma política continuada de alta taxa de juros.
Ou seja, junta num mesmo pacote ações de empresas que devem sofrer menos revezes na eventualidade de uma vitória do candidato petista à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, neste domingo ou no segundo turno.
Larson falou à Folha ontem de seu escritório, em Boston, e defendeu sua invenção. "Procurei reunir as empresas que serão menos afetadas e as que sairão ganhando no governo Lula", disse. "No último caso estão nomes como a Vale do Rio Doce, que tem seus custos em reais e suas vendas em dólares, e a Embraer, que pode se beneficiar ainda mais de um governo intervencionista."
O caso do "portfólio Lula", que pode virar um pequeno desastre diplomático pela proximidade das eleições no país, lembra uma outra invenção recente do mercado financeiro internacional: o "lulômetro". Em junho último, o analista Daniel Tenengauzer, do banco de investimentos Goldman Sachs, criou um modelo matemático que embutia o resultado da corrida eleitoral na previsão do preço do dólar e vinculava o aumento deste ao crescimento do petista nas pesquisas de opinião.
Depois de o caso ter sido publicado pela imprensa brasileira e arrancado reações negativas inclusive dos candidatos adversários de Lula, o economista foi repreendido pela direção do banco.
Segundo reportagem de ontem do "The Wall Street Journal", em caso de vitória petista, o mercado já teria alguns nomes que veria com bons olhos na equipe econômica do governo de Lula.
Entre eles estão o ex-banqueiro João Sayad, Henri Philippe Reichstul, ex-Petrobras e atual Conselho de Administração da TV Globo, e Henrique Meirelles, que deixou a direção do banco FleetBoston e concorre neste domingo ao Congresso por Goiás.
"Nós estamos em processo de as pessoas começarem a ficar à vontade com uma Presidência de Lula", disse James Barrineau, da Alliance Capital Management de Nova York.


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