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Corretora dos EUA cria 'portfólio Lula'
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A dias das eleições presidenciais
brasileiras, um economista de
uma corretora de valores baseada
em Boston (Estado de Massachusetts), nos Estados Unidos, criou
para seus investidores o que batizou de "portfólio Lula". No jargão
de mercado, portfólio é um conjunto de opções de investimento
em ações de empresas.
Segundo Urban Larson, que administra patrimônios na América
Latina para a Baring Asset Management, o portfólio mistura de
maneira segura papéis de exportadores brasileiros e de empresas
com pouca dívida, que poderiam
se beneficiar com novas desvalorizações do real ou sobreviveriam
a uma política continuada de alta
taxa de juros.
Ou seja, junta num mesmo pacote ações de empresas que devem sofrer menos revezes na
eventualidade de uma vitória do
candidato petista à presidência,
Luiz Inácio Lula da Silva, neste
domingo ou no segundo turno.
Larson falou à Folha ontem de
seu escritório, em Boston, e defendeu sua invenção. "Procurei
reunir as empresas que serão menos afetadas e as que sairão ganhando no governo Lula", disse.
"No último caso estão nomes como a Vale do Rio Doce, que tem
seus custos em reais e suas vendas
em dólares, e a Embraer, que pode se beneficiar ainda mais de um
governo intervencionista."
O caso do "portfólio Lula", que
pode virar um pequeno desastre
diplomático pela proximidade
das eleições no país, lembra uma
outra invenção recente do mercado financeiro internacional: o "lulômetro". Em junho último, o
analista Daniel Tenengauzer, do
banco de investimentos Goldman
Sachs, criou um modelo matemático que embutia o resultado da
corrida eleitoral na previsão do
preço do dólar e vinculava o aumento deste ao crescimento do
petista nas pesquisas de opinião.
Depois de o caso ter sido publicado pela imprensa brasileira e
arrancado reações negativas inclusive dos candidatos adversários de Lula, o economista foi repreendido pela direção do banco.
Segundo reportagem de ontem
do "The Wall Street Journal", em
caso de vitória petista, o mercado
já teria alguns nomes que veria
com bons olhos na equipe econômica do governo de Lula.
Entre eles estão o ex-banqueiro
João Sayad, Henri Philippe
Reichstul, ex-Petrobras e atual
Conselho de Administração da
TV Globo, e Henrique Meirelles,
que deixou a direção do banco
FleetBoston e concorre neste domingo ao Congresso por Goiás.
"Nós estamos em processo de as
pessoas começarem a ficar à vontade com uma Presidência de Lula", disse James Barrineau, da
Alliance Capital Management de
Nova York.
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