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Serra diz que país precisa do 2º turno em comício em Campinas
RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez seu último
comício de campanha anteontem
à noite dizendo-se convencido de
que vai disputar o segundo turno
da eleição presidencial. "O Brasil
precisa do segundo turno", disse
Serra, após discursar para uma
platéia estimada em cerca de 20
mil pessoas (segundo a Polícia
Militar), que compareceram ao
showmício animado pelo cantor
de música romântica Daniel.
Gripado, o tucano estava rouco:
"O segundo turno é importante
para o Brasil. É a oportunidade
para analisar e aprofundar a discussão dos problemas", disse o
candidato do PSDB.
Serra interpretou a subida de
dois pontos percentuais na pesquisa Datafolha, uma variação
dentro da margem de erro, como
uma garantia de que passará para
a próxima etapa da disputa presidencial. Segundo o tucano, outras
pesquisas indicariam a mesma
tendência. "O Brasil precisa do segundo turno para um debate político e com respeito", disse.
A campanha de Serra terminou
como começou: incerta. Até o início da noite de anteontem ele ainda não havia decidido se iria ou
não ao showmício de Campinas,
embora o evento estivesse previsto em sua agenda há vários dias.
Atrasos, cancelamentos de última hora foram uma rotina na
campanha tucana. No primeiro
"supersábado" programado, ele
deixou de visitar três cidades. Ele
marcou um grande comício em
Palmas (TO), mas cancelou porque teve de ficar em São Paulo
gravando para o horário eleitoral.
Para evitar os atrasos, Serra passou a viajar na madrugada para as
cidades nas quais tinha compromisso: chegava quase amanhecendo, dormia um pouco e então
seguia para os eventos.
Anteontem, Serra condicionou
sua ida a Campinas para o encerramento da campanha à gravação
do programa de TV. Mas ao deixar a cidade, voltou para São Paulo e se trancou no estúdio para
concluir os programas que foram
exibidos ontem.
No curto discurso que fez em
Campinas, Serra reafirmou seus
compromissos com o emprego,
linha-mestra da campanha do tucano, e com a segurança pública.
Um discurso frio. Mas ele arrancou aplausos ao dizer: "Fui encarregado de dar uma notícia: Daniel
não está chegando, ele já chegou".
Mais tarde, comentou, satisfeito
com o próprio desempenho: "Foi
boa essa, não foi? Aprendi com o
Aécio [Aécio Neves, presidente da
Câmara e candidato do PSDB ao
governo de Minas Gerais]".
Serra voltou mais tarde ao palco, chamado por Daniel, e atirou
flores brancas para a platéia. Disse
que tinha dois pedidos a fazer. O
primeiro era dar um beijo em
uma menina que estava na fileira
da frente da platéia.
Içada ao palco, a menina, uma
préadolescente, correu para abraçar e beijar o cantor Daniel.
O segundo pedido foi óbvio:
"Domingo, dia 6, é dia de decisão
pra gente ir para o segundo turno
e o Brasil eleger o seu presidente
no segundo turno". Antes de deixar o palco, pediu para Daniel
cantar a música "Vida minha",
mas foi embora sem saber se fora
ou não atendido - não foi. A
música não constava do playback.
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