São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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Serra diz que país precisa do 2º turno em comício em Campinas

RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez seu último comício de campanha anteontem à noite dizendo-se convencido de que vai disputar o segundo turno da eleição presidencial. "O Brasil precisa do segundo turno", disse Serra, após discursar para uma platéia estimada em cerca de 20 mil pessoas (segundo a Polícia Militar), que compareceram ao showmício animado pelo cantor de música romântica Daniel.
Gripado, o tucano estava rouco: "O segundo turno é importante para o Brasil. É a oportunidade para analisar e aprofundar a discussão dos problemas", disse o candidato do PSDB.
Serra interpretou a subida de dois pontos percentuais na pesquisa Datafolha, uma variação dentro da margem de erro, como uma garantia de que passará para a próxima etapa da disputa presidencial. Segundo o tucano, outras pesquisas indicariam a mesma tendência. "O Brasil precisa do segundo turno para um debate político e com respeito", disse.
A campanha de Serra terminou como começou: incerta. Até o início da noite de anteontem ele ainda não havia decidido se iria ou não ao showmício de Campinas, embora o evento estivesse previsto em sua agenda há vários dias.
Atrasos, cancelamentos de última hora foram uma rotina na campanha tucana. No primeiro "supersábado" programado, ele deixou de visitar três cidades. Ele marcou um grande comício em Palmas (TO), mas cancelou porque teve de ficar em São Paulo gravando para o horário eleitoral.
Para evitar os atrasos, Serra passou a viajar na madrugada para as cidades nas quais tinha compromisso: chegava quase amanhecendo, dormia um pouco e então seguia para os eventos.
Anteontem, Serra condicionou sua ida a Campinas para o encerramento da campanha à gravação do programa de TV. Mas ao deixar a cidade, voltou para São Paulo e se trancou no estúdio para concluir os programas que foram exibidos ontem.
No curto discurso que fez em Campinas, Serra reafirmou seus compromissos com o emprego, linha-mestra da campanha do tucano, e com a segurança pública. Um discurso frio. Mas ele arrancou aplausos ao dizer: "Fui encarregado de dar uma notícia: Daniel não está chegando, ele já chegou". Mais tarde, comentou, satisfeito com o próprio desempenho: "Foi boa essa, não foi? Aprendi com o Aécio [Aécio Neves, presidente da Câmara e candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais]".
Serra voltou mais tarde ao palco, chamado por Daniel, e atirou flores brancas para a platéia. Disse que tinha dois pedidos a fazer. O primeiro era dar um beijo em uma menina que estava na fileira da frente da platéia.
Içada ao palco, a menina, uma préadolescente, correu para abraçar e beijar o cantor Daniel.
O segundo pedido foi óbvio: "Domingo, dia 6, é dia de decisão pra gente ir para o segundo turno e o Brasil eleger o seu presidente no segundo turno". Antes de deixar o palco, pediu para Daniel cantar a música "Vida minha", mas foi embora sem saber se fora ou não atendido - não foi. A música não constava do playback.


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