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Senador quer anunciar no dia 15 a
nova versão da reforma tributária
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter elaborado apenas
uma lista genérica de propostas, o
Senado anunciou ontem um calendário ambicioso destinado a
aprovar rapidamente uma nova
reforma tributária, que reformulará o texto recebido da Câmara
-onde o projeto chegou com o
apoio de todos os governadores e,
ainda assim, passou cinco meses
em análises, críticas e alterações.
Segundo o plano, a nova versão
da reforma será apresentada no
próximo dia 15 pelo relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e
votado até o final do mês pela Comissão de Constituição e Justiça.
Em novembro, tudo estaria pronto para a aprovação em plenário.
"Levamos alguns dias para fazer
um amplo acordo com os partidos, e temos agora que apressar
nosso trabalho", disse o presidente da CCJ, Edison Lobão (PFL-MA), ao anunciar o cronograma
ao lado de Jucá e do líder do governo no Congresso, Aloizio Mercadante (PT-SP). O acordo foi
motivo de um ato político anteontem, do qual participaram todos
os partidos representados no Senado, incluindo o PFL e o PSDB,
da oposição. Os senadores distribuíram uma espécie de carta de
intenções com as mudanças defendidas consensualmente.
Na entrevista de ontem, porém,
praticamente nada era possível
detalhar das propostas, voltadas
em sua maioria para um rearranjo da partilha de receitas entre
União, Estados e municípios negociadas ao longo deste ano para
viabilizar as reformas tributária e
previdenciária. A resposta mais
comum: "Nós estamos discutindo mecanismos" -para uma nova política de desenvolvimento
regional, para pôr fim à guerra fiscal entre os Estados pela atração
de empresas, para a cobrança do
ICMS, para reduzir a longo prazo
a carga de impostos no país.
Para justificar o otimismo em
relação à tramitação rápida da
proposta, Mercadante recorreu a
uma máxima da política norte-americana: "A Câmara esquenta,
o Senado esfria". Por esse raciocínio, o Senado, mais sereno, aplacará o que foi "quase uma crise
política" na Câmara.
O grupo começou a discutir os
temas com dois representantes do
empresariado: Jorge Gerdau Johannpeter, presidente da Ação
Empresarial (que reúne as principais confederações patronais), e o
deputado Armando Monteiro
(PTB-PE), presidente da Confederação Nacional da Indústria.
Ambos, críticos do texto aprovado pela Câmara, elogiaram a
disposição do Senado de criar regras para a redução gradual da
carga tributária. "Ainda não temos textos estabelecidos, mas temos princípios positivos", disse
Gerdau. "Na Câmara, prevaleceu
a visão da reforma para o Estado,
não para a sociedade. As linhas
apresentadas aqui [no Senado]
vão ao encontro do que desejamos", disse Monteiro.
Os senadores não sabem ainda
como será o mecanismo para a redução da carga tributária. O destino mais provável do projeto é a
aprovação de pontos considerados essenciais pelo governo e pelos Estados, como a prorrogação
da CPMF e da DRU e o fundo para cobrir as perdas estaduais com
o fim do ICMS sobre as exportações. Os temas mais polêmicos seguirão em análise no Congresso.
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