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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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TRANSPORTES

Presidente do Dnit afirma que já dispensou funcionários sob suspeita

Abin e PF investigam pasta de Adauto

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Dnit (Departamento Nacional de Infra Estrutura de Transportes) passa agora por uma "operação mãos limpas" que envolve agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e da Polícia Federal e técnicos do TCU (Tribunal de Contas da União).
Os agentes e técnicos atuam nas dependências da autarquia, que substituiu o extinto DNER e está subordinada ao Ministério dos Transportes. O órgão é o responsável por realizar e fiscalizar obras de infra-estrutura, principalmente em estradas. O Dnit também cuida das licitações dessas obras.
A Abin foi convocada pela direção do Dnit, um mês atrás, para capacitar os funcionários a evitar vazamento de informações privilegiadas nos processos de licitação e gerenciamento das obras. Segundo o diretor-presidente do Dnit, José Antônio Silva Coutinho, funcionários do órgão já foram dispensados ou remanejados devido a sugestões dos agentes.
"O Dnit é um órgão da maior complexidade (...). Pelo que já aconteceu, por uma série de mecanismos de informação envolvidos, nós entendíamos que o órgão estava muito vulnerável nos aspectos que dizem respeito à segurança e na preservação da nossa inteligência e das nossas informações", disse o diretor. Segundo ele, os agentes "chegaram informados da existência de vazamento. Aí fora eles ficam sabendo primeiro do que nós aqui dentro".
De acordo com o diretor, se a Abin "gerar informações que resultem em ações de sindicância, ou de processo administrativo, vamos tomar providências imediatamente". Já a agência disse que não realiza investigações, apenas o trabalho de capacitação.
Já a Polícia Federal atua em um caso específico de suspeita de corrupção e foi chamada ao Dnit pelo próprio ministro Anderson Adauto (Transportes). No final de agosto, chegou ao ministério uma carta anônima acusando o coordenador-geral de Operações Rodoviárias do Dnit, Afonso Guimarães Neto (que é marido de uma prima de Adauto), de cobrar propina de 18% a 22% sobre o valor de pagamentos a empresas que prestam serviços ao órgão.
O delegado Paulo de Tarso Oliveira Gomes foi designado para o caso. A assessoria do ministério disse que Neto aceitou ser investigado e que não falará sobre o caso até a conclusão da investigação. Ele nega as acusações. A Folha não conseguiu falar com o delegado até a conclusão desta edição.


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