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RUMO A 2004
Mudanças de partido deverão continuar entre os que dependem do governo para sobreviver eleitoralmente
Fim de prazo não deve encerrar troca-troca
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do encerramento do
prazo de filiação para candidatos
às eleições de 2004, o troca-troca
partidário deve prosseguir no
Congresso. Até ontem, a Câmara
registrava 127 mudanças de partido. A principal consequência foi a
consolidação da base de sustentação política do governo.
Na posse do Congresso, em fevereiro, a coalizão governista contava com pouco mais de 254 deputados. Agora, está com 389,
graças, sobretudo, ao inchaço das
legendas auxiliares do PT e à incorporação do PMDB e do PP à
base governista
A oposição, formada por PFL,
PSDB e Prona, minguou de 160
para 124 deputados, no mesmo
período. A maioria governista é
confortável, inclusive para a aprovação de emendas constitucionais, o que requer 308 votos.
O número de mudanças registradas deve aumentar por dois
motivos. Há deputados como
Barbosa Neto, que trocou o
PMDB pelo PSB de Goiás na manhã de ontem, que ainda não registraram a mudança na Câmara.
E há outros negociando a transferência e que não estão sujeitos ao
prazo de filiação estabelecido para candidatos -um ano antes da
eleição.
Nesse caso, por exemplo, estão
dois deputados do PFL e um do
PP que devem engordar ainda
mais a bancada do PTB na Câmara: Paes Landim (PFL-PI), Ciro
Nogueira (PFL-PI) e Roberto Balestra (PP-GO). Com essas filiações, o PTB deverá saltar para 57
deputados, ameaçando ainda
mais a posição de terceira maior
bancada do PFL, que hoje tem 66.
O PT também deve ganhar dois
deputados - Lúcia Braga (PMN-PB) e Ariosto Holanda (PSDB-CE). Além de Holanda, os tucanos
devem perder a deputada Rose de
Freitas para o PMDB e estabilizar
na faixa de 50 deputados. "Quem
tinha para sair já saiu. Quem ficou
é porque quer mesmo ser oposição", diz o líder do partido na Câmara, Jutahy Júnior (BA).
PSDB e PFL, que formavam o
núcleo de sustentação congressual do governo passado, foram
os partidos que mais perderam
deputados. O PFL perdeu 22 e ganhou dois, e o placar no PSDB foi
de 18 a 4. O PMDB, que também
apoiava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, perdeu 15,
mas ganhou 16.
O PMDB chegou a minguar,
mas recuperou-se ao se compor
com o governo e ao atrair o grupo
do secretário da Segurança do
Rio, Anthony Garotinho, que deixou o PSB e levou com ele para o
PMDB 12 deputados. Ontem, a
bancada do partido na Câmara
computava 77 deputados e logo
deve saltar para 78.
A migração partidária corre sobretudo entre os deputados conhecidos por integrar o chamado
"baixo clero", desconhecidos que
precisam dos favores do governo
para sobreviver eleitoralmente. O
destino da maioria foi o PTB, que
elegeu uma bancada de 26 deputados e agora está com 54, e o PL,
que elegeu 26 e agora tem 42.
Foram poucas as mudanças de
peso até agora. A mais importante
delas talvez tenha sido a migração
ocorrida em Pernambuco, onde o
grupo formado por um ex-ministro, Joaquim Francisco, um ex-prefeito de Recife, Roberto Magalhães, e o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
Armando Monteiro, desembarcou em peso no PTB.
Poucas migrações ocorreram
efetivamente por causa das eleições municipais de 2004, como foi
a do grupo pernambucano, que
pretende lançar candidato à Prefeitura de Recife. A maior parte se
deu porque o deputado precisa
dos instrumentos eleitorais que o
governo pode lhe oferecer.
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