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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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RUMO A 2004

Mudanças de partido deverão continuar entre os que dependem do governo para sobreviver eleitoralmente

Fim de prazo não deve encerrar troca-troca

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do encerramento do prazo de filiação para candidatos às eleições de 2004, o troca-troca partidário deve prosseguir no Congresso. Até ontem, a Câmara registrava 127 mudanças de partido. A principal consequência foi a consolidação da base de sustentação política do governo.
Na posse do Congresso, em fevereiro, a coalizão governista contava com pouco mais de 254 deputados. Agora, está com 389, graças, sobretudo, ao inchaço das legendas auxiliares do PT e à incorporação do PMDB e do PP à base governista
A oposição, formada por PFL, PSDB e Prona, minguou de 160 para 124 deputados, no mesmo período. A maioria governista é confortável, inclusive para a aprovação de emendas constitucionais, o que requer 308 votos.
O número de mudanças registradas deve aumentar por dois motivos. Há deputados como Barbosa Neto, que trocou o PMDB pelo PSB de Goiás na manhã de ontem, que ainda não registraram a mudança na Câmara. E há outros negociando a transferência e que não estão sujeitos ao prazo de filiação estabelecido para candidatos -um ano antes da eleição.
Nesse caso, por exemplo, estão dois deputados do PFL e um do PP que devem engordar ainda mais a bancada do PTB na Câmara: Paes Landim (PFL-PI), Ciro Nogueira (PFL-PI) e Roberto Balestra (PP-GO). Com essas filiações, o PTB deverá saltar para 57 deputados, ameaçando ainda mais a posição de terceira maior bancada do PFL, que hoje tem 66.
O PT também deve ganhar dois deputados - Lúcia Braga (PMN-PB) e Ariosto Holanda (PSDB-CE). Além de Holanda, os tucanos devem perder a deputada Rose de Freitas para o PMDB e estabilizar na faixa de 50 deputados. "Quem tinha para sair já saiu. Quem ficou é porque quer mesmo ser oposição", diz o líder do partido na Câmara, Jutahy Júnior (BA).
PSDB e PFL, que formavam o núcleo de sustentação congressual do governo passado, foram os partidos que mais perderam deputados. O PFL perdeu 22 e ganhou dois, e o placar no PSDB foi de 18 a 4. O PMDB, que também apoiava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, perdeu 15, mas ganhou 16.
O PMDB chegou a minguar, mas recuperou-se ao se compor com o governo e ao atrair o grupo do secretário da Segurança do Rio, Anthony Garotinho, que deixou o PSB e levou com ele para o PMDB 12 deputados. Ontem, a bancada do partido na Câmara computava 77 deputados e logo deve saltar para 78.
A migração partidária corre sobretudo entre os deputados conhecidos por integrar o chamado "baixo clero", desconhecidos que precisam dos favores do governo para sobreviver eleitoralmente. O destino da maioria foi o PTB, que elegeu uma bancada de 26 deputados e agora está com 54, e o PL, que elegeu 26 e agora tem 42.
Foram poucas as mudanças de peso até agora. A mais importante delas talvez tenha sido a migração ocorrida em Pernambuco, onde o grupo formado por um ex-ministro, Joaquim Francisco, um ex-prefeito de Recife, Roberto Magalhães, e o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro, desembarcou em peso no PTB.
Poucas migrações ocorreram efetivamente por causa das eleições municipais de 2004, como foi a do grupo pernambucano, que pretende lançar candidato à Prefeitura de Recife. A maior parte se deu porque o deputado precisa dos instrumentos eleitorais que o governo pode lhe oferecer.


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