São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Presidente eleito encontra líderes do partido para discutir atuação em 2003

Lula reúne PT para aplicar um "choque de realidade"

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula petista, incluindo o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, se encontra hoje com líderes do partido nos Estados, em reunião em que buscará a unificação do discurso e da estratégia de atuação nos próximos meses.
Passada a euforia inicial da vitória, Lula e líderes presentes procurarão reforçar o "chamado à realidade" já esboçado na campanha. Nas palavras de um membro da Executiva petista, "agora a vida real se impõe".
Deverão ser relembradas as restrições orçamentárias existentes, que levarão à necessidade de gradualismo nas reformas pretendidas pela legenda. O presidente eleito quer reafirmar o compromisso com as mudanças sociais, mas explicitando que a hora é de responsabilidade.
O encontro será uma reunião ampliada da Executiva nacional, que se inicia de manhã em um hotel de São Paulo e deverá se estender durante todo o dia.
Além da participação dos 28 integrantes formais da Executiva, foram convidados também os governadores do partido, os presidentes dos diretórios estaduais e os prefeitos das sete capitais administradas pelo PT. Candidatos derrotados do partido aos governos dos Estados também deverão estar presentes.
Lula, que não costuma participar das reuniões da Executiva, desta vez comparecerá para fazer uma explanação ao partido dos próximos passos que percorrerá.
"É uma reunião que terá como resultado o entrosamento de todo o partido. Lula fará uma saudação aos companheiros e buscará explicar o significado histórico de sua vitória e os próximos desafios e obstáculos", diz o secretário-geral do PT, Luiz Dulci.
Um dos objetivos do encontro é engajar todo o partido, inclusive as seções estaduais, no esforço de assegurar a Lula condições políticas para governar, principalmente na formação de uma base no Congresso. "Os Estados têm papel muito importante na composição política do futuro governo", afirma Dulci.
A preocupação do PT em unificar o discurso vem do fato de que o partido não quer se mostrar fragilizado por disputas internas em um momento em que a oposição ao futuro governo já se articula.
Já tiraram posição oposicionista o PSDB e o PFL, enquanto o PMDB decide nos próximos dias que rumo deve seguir.
Outro ponto a ser abordado na reunião é o estágio das conversas do PT com outros partidos para formação do governo, em relatos de Dulci e do presidente nacional do PT, José Dirceu.
A partir de quarta, Lula intensifica as conversas. Falará inclusive com líderes da futura oposição, para debater prioridades para os próximos meses no Congresso.
"Está sendo montada uma agenda de contatos políticos para o presidente eleito nesta semana", diz Gilberto Carvalho, que é uma espécie de assessor particular e mais provável chefe de gabinete do presidente eleito.


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