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TRANSIÇÃO
Presidente eleito encontra líderes do partido para discutir atuação em 2003
Lula reúne PT para aplicar um "choque de realidade"
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
A cúpula petista, incluindo o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, se encontra hoje com líderes do partido nos Estados, em
reunião em que buscará a unificação do discurso e da estratégia de
atuação nos próximos meses.
Passada a euforia inicial da vitória, Lula e líderes presentes procurarão reforçar o "chamado à realidade" já esboçado na campanha.
Nas palavras de um membro da
Executiva petista, "agora a vida
real se impõe".
Deverão ser relembradas as restrições orçamentárias existentes,
que levarão à necessidade de gradualismo nas reformas pretendidas pela legenda. O presidente
eleito quer reafirmar o compromisso com as mudanças sociais,
mas explicitando que a hora é de
responsabilidade.
O encontro será uma reunião
ampliada da Executiva nacional,
que se inicia de manhã em um hotel de São Paulo e deverá se estender durante todo o dia.
Além da participação dos 28 integrantes formais da Executiva,
foram convidados também os governadores do partido, os presidentes dos diretórios estaduais e
os prefeitos das sete capitais administradas pelo PT. Candidatos
derrotados do partido aos governos dos Estados também deverão
estar presentes.
Lula, que não costuma participar das reuniões da Executiva,
desta vez comparecerá para fazer
uma explanação ao partido dos
próximos passos que percorrerá.
"É uma reunião que terá como
resultado o entrosamento de todo
o partido. Lula fará uma saudação
aos companheiros e buscará explicar o significado histórico de
sua vitória e os próximos desafios
e obstáculos", diz o secretário-geral do PT, Luiz Dulci.
Um dos objetivos do encontro é
engajar todo o partido, inclusive
as seções estaduais, no esforço de
assegurar a Lula condições políticas para governar, principalmente na formação de uma base no
Congresso. "Os Estados têm papel muito importante na composição política do futuro governo",
afirma Dulci.
A preocupação do PT em unificar o discurso vem do fato de que
o partido não quer se mostrar fragilizado por disputas internas em
um momento em que a oposição
ao futuro governo já se articula.
Já tiraram posição oposicionista
o PSDB e o PFL, enquanto o
PMDB decide nos próximos dias
que rumo deve seguir.
Outro ponto a ser abordado na
reunião é o estágio das conversas
do PT com outros partidos para
formação do governo, em relatos
de Dulci e do presidente nacional
do PT, José Dirceu.
A partir de quarta, Lula intensifica as conversas. Falará inclusive
com líderes da futura oposição,
para debater prioridades para os
próximos meses no Congresso.
"Está sendo montada uma
agenda de contatos políticos para
o presidente eleito nesta semana",
diz Gilberto Carvalho, que é uma
espécie de assessor particular e
mais provável chefe de gabinete
do presidente eleito.
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