São Paulo, quinta, 4 de dezembro de 1997.




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GOVERNO DE SP
Governador defende projeto sob investigação e diz que puniria "safadeza" em sua administração
Covas nega irregularidades na CDHU

EMANUEL NERI
da Reportagem Local

O governador de São Paulo, Má rio Covas, defendeu ontem a CDHU (Companhia de Desenvol vimento Habitacional e Urbano) da acusação de irregularidades na compra de terrenos de empreitei ras supostamente superfaturados.
"Nada disso. Isso já foi explica do", afirmou Covas. "Por que apurar? Apurar o quê? O que você disse?", perguntou, ao ser indaga do pela Folha sobre os terrenos. O governador disse que pune "safa deza" em seu governo.
"Se no meu governo tiver safa deza, eu até gostaria de saber. Por que quem fez vai para a rua", afir mou. "Eu acho que você admite que eu não sou safado", disse Co vas à reportagem da Folha em en trevista por volta das 12h.
O governador disse que só res ponderá por escrito a perguntas feitas pela Folha sobre o caso CDHU. Às 18h25 de ontem, a Fo lha enviou fax com 15 perguntas ao governador. Elas tratam da sé rie de supostas irregularidades na estatal que já estão sendo investi gadas pelo Ministério Público.
Antes, às 16h40, a assessoria de imprensa do governador infor mou que somente hoje pela manhã teria condições de passar o fax ao governador. Segundo a assessoria, o governador passou toda a tarde de ontem cumprindo audiências.
Folha - Há suspeita de irregulari dades em terrenos da CDHU.
Mário Covas -
Não há suspeitas.
Folha - Por que o sr. não fala so bre isso, governador?
Covas -
Primeiro porque você escreve, e depois quer que eu ana lise o que você escreveu.
Folha - O que eu escrevo está ba seado em documentos oficiais.
Covas -
Você quando quiser fa lar comigo, mande por escrito.
Folha - Não quer se manifestar?
Covas -
Não, eu quero me ma nifestar nas condições que eu es tou falando. Não vá dizer que me perguntou e eu não quis me mani festar. Estou pronto para respon der, desde que que você escreva.
Como fiz da outra vez (referia-se ao caso de suposto privilégio de seu governo à empresa Tejofran, de um compadre dele). Não adian tou. Você sabe que o que eu escrevi é verdade. Ainda ontem (anteon tem), respondendo a uma carta no jornal, você diz que continua rea firmando...
Folha - Porque nós estamos ba seados em informações oficiais.
Covas -
Não, não. Informação oficial é a nossa.
Folha - A nossa também é oficial. São os contratos.
Covas -
Não tem outra oficial, senão a do Estado.
Folha - Governador, o sr. sempre pregou a transparência. Por que o sr. não fala sobre a CDHU?
Covas -
Eu falo. Manda escrito.
Folha - As escrituras mostram su perfaturamento na CDHU.
Covas -
Nada disso. Isso já foi explicado para você. Não adianta. Agora, se você quer mais explica ção, não tenho dúvidas em dar. Meu governo não esconde nada.
Se no meu governo tiver safade za, eu até gostaria de saber. Porque quem fez vai para a rua. Eu acho que você admite que eu não sou safado. Eu faço essa pergunta.
Folha - Sem dúvida.
Covas -
Então se você admite isso, pode ter certeza de que, quem for (safado), vai para a rua.
Folha - Por isso a preocupação de saber por que o sr. não manda apurar de forma eficiente a CDHU.
Covas -
Mas quem é que disse que eu não mando apurar de for ma eficiente? Por que apurar? Apurar o quê? O que você disse?
Folha - As escrituras comprovam, de forma efetiva, que há um su perfaturamento nos terrenos.
Covas -
Tudo bem. Já que você está informado, põe no papel.
Folha - Mandamos para a CDHU.
Covas -
Se você não gostou da resposta, o que eu vou fazer?
Folha - O problema não é esse.
Covas -
Se não te serviu a res posta da CDHU, e você quer uma resposta minha, faça do jeito que eu te falei. Você está farto de saber o resultado disso. Está farto.
Folha - Tenho muitas dúvidas so bre a honestidade na CDHU.
Covas -
Não, não.



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