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GOVERNO DE SP
Governador defende projeto sob investigação e diz que puniria "safadeza" em sua administração
Covas nega irregularidades na CDHU
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
O governador de São Paulo, Má
rio Covas, defendeu ontem a
CDHU (Companhia de Desenvol
vimento Habitacional e Urbano)
da acusação de irregularidades na
compra de terrenos de empreitei
ras supostamente superfaturados.
"Nada disso. Isso já foi explica
do", afirmou Covas. "Por que
apurar? Apurar o quê? O que você
disse?", perguntou, ao ser indaga
do pela Folha sobre os terrenos. O
governador disse que pune "safa
deza" em seu governo.
"Se no meu governo tiver safa
deza, eu até gostaria de saber. Por
que quem fez vai para a rua", afir
mou. "Eu acho que você admite
que eu não sou safado", disse Co
vas à reportagem da Folha em en
trevista por volta das 12h.
O governador disse que só res
ponderá por escrito a perguntas
feitas pela Folha sobre o caso
CDHU. Às 18h25 de ontem, a Fo
lha enviou fax com 15 perguntas
ao governador. Elas tratam da sé
rie de supostas irregularidades na
estatal que já estão sendo investi
gadas pelo Ministério Público.
Antes, às 16h40, a assessoria de
imprensa do governador infor
mou que somente hoje pela manhã
teria condições de passar o fax ao
governador. Segundo a assessoria,
o governador passou toda a tarde
de ontem cumprindo audiências.
Folha - Há suspeita de irregulari
dades em terrenos da CDHU.
Mário Covas - Não há suspeitas.
Folha - Por que o sr. não fala so
bre isso, governador?
Covas - Primeiro porque você
escreve, e depois quer que eu ana
lise o que você escreveu.
Folha - O que eu escrevo está ba
seado em documentos oficiais.
Covas - Você quando quiser fa
lar comigo, mande por escrito.
Folha - Não quer se manifestar?
Covas - Não, eu quero me ma
nifestar nas condições que eu es
tou falando. Não vá dizer que me
perguntou e eu não quis me mani
festar. Estou pronto para respon
der, desde que que você escreva.
Como fiz da outra vez (referia-se
ao caso de suposto privilégio de
seu governo à empresa Tejofran,
de um compadre dele). Não adian
tou. Você sabe que o que eu escrevi
é verdade. Ainda ontem (anteon
tem), respondendo a uma carta no
jornal, você diz que continua rea
firmando...
Folha - Porque nós estamos ba
seados em informações oficiais.
Covas - Não, não. Informação
oficial é a nossa.
Folha - A nossa também é oficial.
São os contratos.
Covas - Não tem outra oficial,
senão a do Estado.
Folha - Governador, o sr. sempre
pregou a transparência. Por que o
sr. não fala sobre a CDHU?
Covas - Eu falo. Manda escrito.
Folha - As escrituras mostram su
perfaturamento na CDHU.
Covas - Nada disso. Isso já foi
explicado para você. Não adianta.
Agora, se você quer mais explica
ção, não tenho dúvidas em dar.
Meu governo não esconde nada.
Se no meu governo tiver safade
za, eu até gostaria de saber. Porque
quem fez vai para a rua. Eu acho
que você admite que eu não sou
safado. Eu faço essa pergunta.
Folha - Sem dúvida.
Covas - Então se você admite
isso, pode ter certeza de que, quem
for (safado), vai para a rua.
Folha - Por isso a preocupação de
saber por que o sr. não manda
apurar de forma eficiente a CDHU.
Covas - Mas quem é que disse
que eu não mando apurar de for
ma eficiente? Por que apurar?
Apurar o quê? O que você disse?
Folha - As escrituras comprovam,
de forma efetiva, que há um su
perfaturamento nos terrenos.
Covas - Tudo bem. Já que você
está informado, põe no papel.
Folha - Mandamos para a CDHU.
Covas - Se você não gostou da
resposta, o que eu vou fazer?
Folha - O problema não é esse.
Covas - Se não te serviu a res
posta da CDHU, e você quer uma
resposta minha, faça do jeito que
eu te falei. Você está farto de saber
o resultado disso. Está farto.
Folha - Tenho muitas dúvidas so
bre a honestidade na CDHU.
Covas - Não, não.
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