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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Petistas consideram que elegerão mais parlamentares se a regra for mantida; PMDB e PFL querem maior liberdade em coligações
Restrição a alianças interessa ao PT e ao PSDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT e o PSDB são os maiores
interessados na manutenção da
verticalização -regra que proíbe
os partidos de compor nos Estados coligações que contrariem a
aliança feita nacionalmente, para
a eleição presidencial. Dos grandes partidos, o PMDB e o PFL
querem o seu fim. Aliados do governo, PSB e PC do B também.
Dos três partidos mais envolvidos
no "mensalão", PL e PTB desejam
derrubá-la, enquanto o PP tem
dúvida. O PDT apóia a queda da
norma.
A bancada do PT na Câmara
considera que terá de ceder vagas
a aliados se for mantida a verticalização, pois as alianças proporcionais (candidatos a deputado
federal e estadual) costumam seguir as alianças majoritárias (presidente, governador e senador).
Candidatos a deputados de partidos como o PC do B e o PSB tiram vagas do PT. Alguns desses
candidatos apresentam votação
individual superior à de petistas e
se beneficiam do total de votos da
aliança, que, divididos pelo coeficiente eleitoral, determina o número de vagas. Ou seja, normalmente, o PT sozinho ou com menos alianças pode eleger mais deputados federais e estaduais.
Competitividade
Com menor liberdade para
alianças, petistas e tucanos acham
que poderão atrair outros partidos porque são siglas que deverão
ter os candidatos mais competitivos ao Planalto.
No Congresso, os dois principais defensores da queda da verticalização são justamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Aldo quer "pagar a fatura" pelo
apoio de Renan à sua eleição para
comandar a Câmara dos Deputados. O presidente do Senado está
interessado em dar ao PMDB liberdade para se coligar livremente nos Estados em geral e em Alagoas em particular.
Caciques
Como é uma confederação de
caciques regionais, quase um partido diferente por Estado, o
PMDB quer acabar com a verticalização para ter maior liberdade
de ação, de acordo com as circunstâncias de cada região. Poderia, por exemplo, lançar um candidato a presidente e "cristianizá-lo" (fingir apoio enquanto, de fato, dão sustentação à candidatura
de Luiz Inácio Lula da Silva ou de
um tucano).
O PFL trabalha pelo fim da verticalização para não depender
tanto do PSDB e se aliar livremente nos Estados. Hoje, os candidatos tucanos mais fortes são o prefeito de São Paulo, José Serra, e o
governador do Estado, Geraldo
Alckmin. O tucano Aécio Neves,
governador de Minas Gerais, corre por fora.
Pequenos
Aliados de Lula, PSB e PC do B
também acham que se valorizam
mais se estiverem livres para fazer
alianças estaduais. Presidente do
PSB, o deputado federal Eduardo
Campos quer ser candidato a governador de Pernambuco numa
aliança que pode incluir o PMDB
e disputar contra o PT.
Os partidos que se aliam livremente nos Estados podem fazer
alianças que lhe garantam vantagens para eleger bancadas maiores de deputados federais e estaduais, o que os valoriza nas negociações com o presidente e os governadores na hora da formação
de equipes e de aprovar projetos
no Legislativo.
(KA)
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