São Paulo, domingo, 04 de dezembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Petistas consideram que elegerão mais parlamentares se a regra for mantida; PMDB e PFL querem maior liberdade em coligações

Restrição a alianças interessa ao PT e ao PSDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT e o PSDB são os maiores interessados na manutenção da verticalização -regra que proíbe os partidos de compor nos Estados coligações que contrariem a aliança feita nacionalmente, para a eleição presidencial. Dos grandes partidos, o PMDB e o PFL querem o seu fim. Aliados do governo, PSB e PC do B também. Dos três partidos mais envolvidos no "mensalão", PL e PTB desejam derrubá-la, enquanto o PP tem dúvida. O PDT apóia a queda da norma.
A bancada do PT na Câmara considera que terá de ceder vagas a aliados se for mantida a verticalização, pois as alianças proporcionais (candidatos a deputado federal e estadual) costumam seguir as alianças majoritárias (presidente, governador e senador).
Candidatos a deputados de partidos como o PC do B e o PSB tiram vagas do PT. Alguns desses candidatos apresentam votação individual superior à de petistas e se beneficiam do total de votos da aliança, que, divididos pelo coeficiente eleitoral, determina o número de vagas. Ou seja, normalmente, o PT sozinho ou com menos alianças pode eleger mais deputados federais e estaduais.

Competitividade
Com menor liberdade para alianças, petistas e tucanos acham que poderão atrair outros partidos porque são siglas que deverão ter os candidatos mais competitivos ao Planalto.
No Congresso, os dois principais defensores da queda da verticalização são justamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).
Aldo quer "pagar a fatura" pelo apoio de Renan à sua eleição para comandar a Câmara dos Deputados. O presidente do Senado está interessado em dar ao PMDB liberdade para se coligar livremente nos Estados em geral e em Alagoas em particular.

Caciques
Como é uma confederação de caciques regionais, quase um partido diferente por Estado, o PMDB quer acabar com a verticalização para ter maior liberdade de ação, de acordo com as circunstâncias de cada região. Poderia, por exemplo, lançar um candidato a presidente e "cristianizá-lo" (fingir apoio enquanto, de fato, dão sustentação à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ou de um tucano).
O PFL trabalha pelo fim da verticalização para não depender tanto do PSDB e se aliar livremente nos Estados. Hoje, os candidatos tucanos mais fortes são o prefeito de São Paulo, José Serra, e o governador do Estado, Geraldo Alckmin. O tucano Aécio Neves, governador de Minas Gerais, corre por fora.

Pequenos
Aliados de Lula, PSB e PC do B também acham que se valorizam mais se estiverem livres para fazer alianças estaduais. Presidente do PSB, o deputado federal Eduardo Campos quer ser candidato a governador de Pernambuco numa aliança que pode incluir o PMDB e disputar contra o PT.
Os partidos que se aliam livremente nos Estados podem fazer alianças que lhe garantam vantagens para eleger bancadas maiores de deputados federais e estaduais, o que os valoriza nas negociações com o presidente e os governadores na hora da formação de equipes e de aprovar projetos no Legislativo. (KA)


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