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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO
Em depoimento à CPI, Francisco Costa contou que Buratti, Barquete e Vladimir Poleto conversavam sobre reuniões na GTech
Motorista revela diálogos de grupo de Ribeirão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à Polícia Federal na última sexta-feira, o motorista Francisco das Chagas Costa,
55, disse que levou Ralf Barquete e
Rogério Buratti duas vezes ao Serpro (estatal federal da área de processamento de dados). Contou
que lembrava de Buratti, Barquete e Vladimir Poleto terem conversado sobre reuniões na GTech
e falou que também "dirigiu para
o senhor Ademirson [Ariovaldo
Silva]" e para Roberto Carlos
Kurzweil.
Costa prestou serviços para os
integrantes da chamada República de Ribeirão Preto -ex-assessores do ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) quando prefeito
do município paulista-, em Brasília, entre 2003 e 2004.
O depoimento do motorista reforça as suspeitas da CPI dos Bingos da prática de tráfico de influência que os ex-assessores de
Palocci exerciam em diferentes
áreas do setor público. É considerada pelos técnicos da Comissão
Parlamentar de Inquérito peça
importante para ajudar a desvendar diálogos entre Buratti e Poleto
gravados com autorização judicial a pedido do Ministério Público de São Paulo.
Assessores
Barquete foi secretário da Fazenda de Palocci, tendo Poleto como seu assessor. Buratti foi secretário de governo.
Ademirson assessorou Palocci
na prefeitura e continua a assessorá-lo no ministério. Kurzweil é o
empresário que alugou um Omega blindado para o PT em 2002,
carro que, segundo reportagem
da revista "Veja", teria sido utilizado para transportar os dólares
vindos de Cuba. O Omega foi cedido diretamente a Palocci.
O motorista que teria transportado os dólares para o diretório
do PT, Éder Eustáquio Soares Macedo, também foi cedido a Palocci
por Kurzweil.
De acordo com a CPI dos Bingos, foram identificadas 1.434 ligações entre Ademirson e Poleto
entre 2003 e 2005.
Conforme a Folha publicou no
último domingo, entre as conversas de Poleto e Buratti, captadas
entre maio e setembro de 2004, os
dois falaram sobre transações
com certificados de recebíveis
imobiliários com a Serpros (fundação de previdência dos funcionários da estatal de processamento de dados), que figura entre os
fundos de pensão investigados
pela CPI dos Correios por suspeitas de desvio de recursos para
atender a interesses políticos.
De acordo com os diálogos, Poleto agendou e depois comemorou o resultado de uma reunião
na fundação, sem mencionar, no
entanto, o teor dos negócios que
teriam sido tratados.
Segundo o depoimento concedido pelo motorista, Buratti e
Barquete teriam ido pelo menos
duas vezes ao Serpro, patrocinador do fundo de pensão.
A Serpros nega que Poleto e Buratti tenham participado de reuniões na sede da fundação e informa que não adquiriu no período
dos diálogos certificados de recebíveis imobiliários.
Procuradas pela reportagem, as
assessorias do Ministério da Fazenda e do Serpro não ligaram de
volta até a conclusão desta edição.
O advogado de Buratti, Rogério
Telhada, informou que não conseguiu localizar seu cliente.
Buratti foi acusado de ter tentado extorquir R$ 6 milhões da
GTech, em 2004, para que a empresa pudesse renovar contrato
com a CEF (Caixa Econômica Federal). Ele contesta essa versão,
alegando que a GTech o procurou
para "facilitar" a renovação. A
empresa nega. As declarações do
motorista indicam que Buratti
realmente mantinha contato com
a GTech.
Grampos
Nas conversas grampeadas, Poleto deixa clara sua preocupação
com a possibilidade de escutas telefônicas. Conta a Buratti que havia feito um rastreamento nas linhas fixas de seu escritório.
A Polícia Federal descobriu que
Ralf Barquete, morto no início do
ano passado, e Poleto usaram entre 2003 e 2004 dois celulares em
nome de Francisco da Costa.
Ao ser informado do fato pela
Polícia Federal, o motorista se disse surpreso. Contou que, ao ser
contratado, Poleto pediu sua carteira de identidade para habilitar
um aparelho da operadora TIM
em seu nome. Poleto lhe deu um
celular da TIM, mas, pelas informações da PF, habilitou também
outros dois números no nome do
motorista.
Kurzweill e o empresário Roberto Colnaghi, dono de um avião
usado por Palocci, foram convocados na semana passada pela
CPI dos Bingos, mas a data do depoimento ainda não foi marcada.
(LEONARDO SOUZA e ANDREA MICHAEL)
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