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ELEIÇÕES 2006/MÁQUINA DO GOVERNO
Obras emergenciais em rodovias, que vão consumir R$ 440 milhões, têm prazo de validade de um ano, segundo ministro dos Transportes
Estradas sem buraco só duram até 2007
EDUARDO SCOLESE
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As obras emergenciais que começam na semana que vem para
tapar buracos em cerca de 26,4
mil km de rodovias federais de 25
Estados têm prazo de validade de
cerca de um ano, segundo disse
ontem o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.
Na prática, segundo o governo,
um buraco remendado hoje terá
de ser novamente tapado no início de 2007. A declaração de Nascimento, que tem R$ 440 milhões
para tocar um plano emergencial
de recuperação de estradas, ocorreu ontem no Palácio do Planalto
após reunião do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva com representantes regionais do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
Questionado sobre a durabilidade das obras, o ministro afirmou: "[Dura] um ano, em alguns
casos onde é a operação tapa-buracos. Agora boa parte dessas
obras que nós vamos executar são
obras emergenciais e que nós vamos ter de fazer a obra em definitivo depois".
O programa do governo não
prevê novas licitações. Dos 26,4
mil km, cerca de 19 mil km são de
trechos onde já havia contratos
com empreiteiras para a execução
de obras mais complexas, que levariam mais tempo -porém
com duração também de um ano.
Nesses casos, o governo fará
apenas um aditamento nos contratos já existentes para que essas
empresas façam primeiro, em caráter emergencial, uma operação
tapa-buracos. Nos trechos restantes, onde não há contratos, é que
serão feitas obras sem licitação.
Na reunião com os coordenadores do Dnit, Lula cobrou eficiência do órgão e um prazo máximo de 90 dias para finalizar a
operação tapa-buracos.
O presidente, assim como tem
feito alguns ministros, criticou o
fato de 14 governadores não terem empregado em rodovias estadualizadas o dinheiro repassado a eles em 2002 pela União.
Ciente da precariedade dos rodovias, que o consumiu em seguidas reuniões nos últimos dias, o
presidente disse que o Dnit tem
dinheiro em mãos mesmo sem a
aprovação do Orçamento de 2006
e pediu, segundo os presentes no
encontro, que "mostrem serviço"
e que quer as "as estradas de cara
mudada em 90 dias".
O governo vai exigir desconto
das empreiteiras que ganharem,
sem licitação, o direito de fazer
parte das obras do programa
emergencial de recuperação das
estradas. Segundo Nascimento,
esse desconto será de pelo menos
10% em relação aos preços usados
como referência pelo Dnit.
"Vai haver uma orientação para
o Dnit no sentido de que os preços
das obras contratadas sem licitação tenham um preço inferior aos
preços estabelecidos pelo Dnit,
em pelo menos 10%", afirmou
Nascimento. Segundo ele, outro
critério para a escolha das empresas sem concorrência é a proximidade dos trechos críticos.
Nascimento, que deixa o ministério em março para se candidatar
ao Senado ou ao governo do
Amazonas, disse que convidará o
presidente Lula para ir com ele às
obras. O ministro comentou as
críticas feitas por parlamentares
da oposição, de que as obras são
eleitoreiras: "A oposição esteve no
governo e abandonou as estradas
por 15 anos", disse.
O programa do governo, lançado na sexta-feira, foi criticado pelos usuários das estradas. De acordo com NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de
Carga e Logística), entidade que
reúne empresas de transporte, o
programa é ruim.
"Feito dessa forma, é uma notícia deprimente. Tem caráter eleitoreiro", disse Geraldo Vianna,
presidente da associação. "O programa está sendo feito na hora errada, quando há mais tráfego e está chovendo [leia mais em texto
nesta página]. Tinha que ter sido
feito há muito mais tempo."
Segundo Vianna, quando o estrago na rodovia é muito grande,
chega a aumentar o custo do
transporte de 50% a 60%.
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