São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2007

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Terceira via embola disputa pela presidência da Câmara

Grupo de parlamentares pretende lançar nome para concorrer com Aldo e Chinaglia

Jungmann diz que petista representa "volta das quadrilhas" e que o atual presidente se desgastou no caso do aumento de salários


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Devido à disputa entre Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) sobre quem será o candidato governista à presidência da Câmara, surgiu ontem a primeira movimentação concreta pela indicação de um terceiro nome para concorrer ao posto no dia 1º.
Um grupo de parlamentares, capitaneados por Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ), anunciou que se reunirá na segunda-feira em São Paulo, para lançar a candidatura alternativa. Segundo a direção do PPS, a articulação agrega deputados de diversos partidos da base e de oposição.
Porta-voz do grupo, Jungmann afirmou que Chinaglia representa "a volta das quadrilhas do mensalão e dos sanguessugas" e que Aldo defendeu o "aumento escandaloso" dos salários dos parlamentares.
Ontem, alguns nomes circulavam nos bastidores: Osmar Serraglio (PMDB-PR), Gustavo Fruet (PSDB-PR) e até José Eduardo Cardozo (PT-SP) -que já recusou a indicação.
Na lista divulgada pelo PPS, aparecem ainda os tucanos Paulo Renato (SP), ex-ministro do governo FHC, Carlos Sampaio (SP) e José Aníbal (SP), além de Fernando Coruja (PPS-SC), Arnaldo Jardim (PPS-SP), Luiza Erundina (PSB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).
A avaliação é que essa chapa ganharia peso se Chinaglia vencesse a disputa com Aldo, pois o grupo acredita que ganharia a adesão de apoiadores de Aldo, como PFL e PSDB. Chinaglia minimizou a articulação: "Não me preocupa essa idéia de que surja uma candidatura milagrosa para galvanizar a Câmara. Não há outro Severino".

Sem prévia
Ontem, Aldo deixou claro que não aceita uma prévia com Chinaglia, indicando não ver sentido em deixar a oposição de fora da negociação. "A composição da agenda na Câmara exige um diálogo permanente e uma confiança, sem excluir a divergência, entre os partidos do governo e da oposição."
O presidente Lula disse ontem a políticos do PMDB que a eleição para a Câmara será o "grande teste" da sua coalizão e por isso o governo vai intervir e atuar como "mediador político" na disputa Aldo-Chinaglia.
"Estamos fazendo um acompanhamento, queremos funcionar não como árbitros, mas sim como mediadores políticos de uma questão política que tem na base do governo", disse o ministro Tarso Genro.
Ele afirmou que vai "conversar exaustivamente" com os aliados até a segunda e que pode haver uma reunião com os presidentes das legendas no dia seguinte para apurar quem tem maior apoio na base governista.
Na conversa com 11 deputados do PMDB e com o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), Lula disse que a eleição será "a resposta concreta do Parlamento de apoio à coalizão", o "grande teste da coalizão". Lula não quer a repetição do "desastre" de 2005, quando a base rachou e Severino Cavalcanti foi eleito.
"O concubinato é permitido legalmente? Ou nós vamos fazer um casamento de fato e de direito, com véu e grinalda?", disse Puccinelli. (SILVIO NAVARRO, LETÍCIA SANDER E PEDRO DIAS LEITE)

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