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São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2003

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BAHIAGATE

Segundo assessoria, senador pefelista desistiu de ir ao camarote de Gilberto Gil, em Salvador

ACM muda rotina e evita aparecer no Carnaval

Alan Marques - 19.fev.2003/Folha Imagem
O senador Antonio Carlos Magalhães, que desistiu de ir à festa


LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Acusado pelo deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) de grampear telefones de adversários, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) mudou a sua rotina durante o Carnaval de Salvador.
Acostumado a ser aplaudido pelas estrelas da folia baiana, ACM trocou o palanque reservado às autoridades no Campo Grande (centro) pelo descanso em um dos hotéis da Costa do Sauípe (litoral norte de Salvador).
Antes de viajar, na última sexta-feira, ACM disse que visitaria o camarote do cantor e ministro Gilberto Gil (Cultura), ontem à noite. Segundo sua assessoria, o senador mudou de idéia e retorna para a capital baiana apenas hoje.
Com exceção do Carnaval de 1999, ano seguinte à morte de seu filho Luís Eduardo Magalhães, ACM sempre estava presente à festa. No domingo de Carnaval, uma cena era comum: 7.000 integrantes do afoxé Filhos de Gandhy entregavam um colar ao senador. "ACM preferiu a reclusão com medo das vaias", disse o ministro Jaques Wagner (Trabalho). A estratégia de ACM em relação aos grampos já está definida: por ter foro especial, o senador pode marcar o local, dia e horário para depor ao delegado federal Gesival Gomes de Souza, 38.
ACM decidiu que só irá prestar depoimento depois que todos os envolvidos no escândalo forem ouvidos pela PF. Segundo a Polícia Federal, 232 grampos (telefones de 126 pessoas) foram realizados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado, a maioria entre março e setembro de 2002.
Além de Geddel, também foram grampeados o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, o ex-deputado Benito Gama (PMDB) e os advogados Plácido Faria, 40, e sua namorada, Adriana Faria, 30, ex-namorada do senador, casado há mais de 50 anos com Arlete Magalhães. Os cinco grampeados alegam que ACM foi o autor intelectual dos monitoramentos. O senador nega o envolvimento.
Responsável pelo inquérito, o delegado Gesival Gomes de Souza vai intimar oito policiais civis nos próximos dias. Eles foram apontados pelo assessor da SSP Alan Farias, 29, como executores dos grampos. O delegado deve ouvir ainda a ex-secretária da Segurança Pública Katia Alves -os grampos foram feitos em sua gestão.
Em Salvador, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), defendeu ACM: "Essa história de grampo não passa de uma bobagem total. Saí do Congresso há pouco tempo e a impressão que tenho é que o Congresso não percebeu que tem mais o que fazer", disse.


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