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SOMBRA NO PLANALTO
Diretor interino da Polícia Civil do Distrito Federal diz que solicitação de fita por policiais se referia a uma investigação por latrocínio
Há outras fitas de Waldomiro, diz servidor
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-chefe da vigilância do Aeroporto de Brasília Carlos Braga
afirmou ontem à Polícia Federal
que o ex-assessor do Planalto
Waldomiro Diniz foi monitorado
e teve imagens gravadas em mais
de uma ocasião, em dias diferentes, no aeroporto.
Até agora, apenas uma gravação
em que Waldomiro aparece no
aeroporto da cidade veio a público: ele recebe uma sacola do empresário de loterias, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. À época, Waldomiro
atuava no governo Benedita da
Silva (PT-RJ).
A divulgação dessa fita junto
com as imagens gravadas em
2002 no escritório de Cachoeira
-em que Waldomiro pede propina ao empresário- abalaram o
governo federal e obrigaram o ex-assessor a pedir exoneração do
cargo em 13 de fevereiro.
A PF não sabe onde estão essas
eventuais outras fitas nem quem
ordenou essas outras filmagens.
Braga confirmou que as imagens do aeroporto já divulgadas
foram feitas a pedido de três homens, que se apresentaram como
policiais civis do Distrito Federal.
Eles solicitaram o monitoramento específico de Waldomiro e de
Cachoeira em 20 de maio de 2002.
Os três policiais também não foram identificados, segundo a PF.
Os homens se apresentaram como policiais civis, mas não foram
interrogados pelos funcionários
da Infraero (Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária) que cuidam do sistema de vigilância. Os servidores têm o costume, segundo o depoimento de
Braga, de não fazer muitas perguntas. Apenas gravam o que lhes
é pedido e entregam o material a
policiais identificados.
O diretor interino da Polícia Civil brasiliense, Celso Ferro, nega
envolvimento da instituição no
caso. Ontem, ele se encontrou
com o delegado Antônio César
Fernandes Nunes, da PF, que
apura crime eleitoral e corrupção
ativa e passiva supostamente praticados por Waldomiro.
Segundo Ferro, a gravação do
dia 20 que a polícia teria pedido se
refere a uma investigação sobre
latrocínio (roubo seguido de
morte). "Essa filmagem de investigação de latrocínio não tem nada a ver com o que apareceu na
TV [encontro de Waldomiro com
Cachoeira]." A afirmação do diretor interino diverge do depoimento dado por Braga. Segundo
ele, os homens que se apresentaram como policiais civis indicaram Waldomiro e Cachoeira no
sistema de vigilância e pediram o
monitoramento de seus passos.
Braga disse que houve um procedimento atípico em relação à fita solicitada pelos policiais civis
no Aeroporto de Brasília. Em 5 de
junho de 2002, o agente Gilson Simões Ramos Filho assinou um
"termo de cautela" e retirou a gravação original. A praxe, segundo
o ex-chefe de vigilância, é repassar
uma cópia e manter a matriz no
arquivo por um período de 30
dias e depois reutilizá-la.
Após colher o depoimento de
Braga, Nunes afirmou que há "indícios de que policiais civis participaram da gravação da fita no aeroporto". Depois de uma reunião
com Ferro, o delegado da PF foi
mais cauteloso. "O único dado
que temos é que um policial civil
assinou uma cautela de uma fita
com as imagens daquele dia."
Colaborou LUIS RENATO STRAUSS, da
Sucursal de Brasília
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