São Paulo, sábado, 05 de março de 2005

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PT NO DIVÃ

Aprovada pela Executiva, decisão ainda depende de Diretório Nacional

PT abranda castigo e propõe suspensão de 1 ano a Virgílio

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Executiva Nacional do PT decidiu ontem propor a suspensão de um ano ao deputado federal Virgílio Guimarães (MG). Para que passe a valer, a decisão terá de ser referendada pelo Diretório Nacional, que se reunirá nos dias 7 e 8 de maio.
O castigo a Virgílio foi aprovado por 14 membros da Executiva. Dois petistas propuseram a expulsão e outros dois se abstiveram. Delúbio Soares deixou a reunião antes da votação e Marta Suplicy e Jorge Almeida não compareceram.
A Executiva considerou "grave a conduta adotada pelo deputado" ao se lançar candidato à presidência da Câmara, de forma independente, contrariando decisão da bancada petista, que optara por Luiz Eduardo Greenhalgh.
Com a decisão, Virgílio ficará impedido de votar ou ser votado no partido e não representará a legenda em comissões.
Porém a suspensão por um ano não o impossibilita de se candidatar a um cargo eletivo no ano que vem. Isso porque, para ser candidato, ele precisa ser aprovado por convenção partidária, que ocorre em junho, quando o efeito da suspensão já terá cessado.
A punição de ontem foi mais branda do que o próprio Virgílio esperava, como admitiu Romênio Pereira (MG), da mesma corrente interna do deputado federal. O secretário-geral do PT, Silvio Pereira, era favorável a uma punição mais severa, de um ano e meio a dois. A ala mais à esquerda defendia a expulsão.
Oficialmente, a Executiva argumenta que o castigo levou em consideração a trajetória política de Virgílio, que é fundador do partido e já foi candidato a prefeito e a governador.
Pesou para uma punição mais branda, entretanto, o fato de Virgílio ter uma representatividade muito grande em Minas Gerais. Além disso, a maior prefeitura administrada pelo partido atualmente é Belo Horizonte. Uma expulsão causaria o rompimento com uma base grande do partido no Estado.
Em 2003, o PT expulsou a senadora Heloisa Helena (AL) e mais três deputados que votaram contra a reforma da Previdência. O presidente nacional do PT, José Genoino, disse que "a situação era diferente porque o partido passou um ano buscando a repactuação com ela e os deputados".
Anteontem, a Executiva do PT em Minas reuniu-se com Genoino e fez um apelo para que a decisão não causasse mais traumas ao partido. À noite, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP) conversou com Pereira e lhe pediu que a decisão não provocasse uma ruptura com Virgílio.
O líder do governo na Câmara, Professor Luizinho, o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), e o deputado federal Devanir Ribeiro (SP) também intercederam por Virgílio. Ontem, o líder do partido no Senado, Delcídio Amaral (MS), tomou café da manhã com Pereira e faz o mesmo apelo.
"A suspensão por um ano e meio poderia parecer uma expulsão camuflada e, por isso, a Executiva decidiu pela suspensão por um ano", disse Pereira.
"O PT não quer romper integralmente as relações com ele, mas ele tem de dizer que tipo de relação quer ter com o partido", disse Genoino, que lamentou o fato de Virgílio não ter comparecido à reunião da Executiva, embora tenha sido convidado.


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