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Estudo aponta para papel do Estado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A unificação dos programas de
transferência de renda do governo federal sob o "guarda-chuva"
do Bolsa-Família consolidou, no
final do ano de 2003, um novo padrão de relacionamento entre os
governos federal e municipal, o
que deve levar a uma discussão do
papel da administração dos Estados e sua co-responsabilidade
nesse formato.
Essa é a opinião do economista
José Roberto Afonso, que recentemente publicou o estudo "Novos
Desafios à Descentralização Fiscal
no Brasil: as Políticas Sociais e as
de Transferência de Renda", em
que trata do tema.
Na transferência de renda, o governo federal repassa o recurso
diretamente aos beneficiados e
faz o gerenciamento do programa. Nesse caso, o governo acompanha, inclusive, as contrapartidas das famílias -que são manter as crianças matriculadas na escola e a saúde em dia. Já aos municípios cabe cadastrar as famílias e
auxiliar na fiscalização.
Pela lei do Bolsa-Família, os Estados são responsáveis, por exemplo, por promover ações que viabilizem a gestão intersetorial e de
articulação com gestores municipais, dando apoio técnico.
Para o economista, na prática,
será necessário rediscutir a coordenação entre os governos visando garantir ações que ajudem as
famílias beneficiadas a saírem da
situação de pobreza.
"Se os programas de transferência de renda forem limitados a
uma função meramente assistencialista, os governos subnacionais
continuarão à margem do processo e ficam dispensados de uma tarefa, que é preciso reconhecer,
bastante árdua e complexa -formular e implantar medidas que
efetivamente reduzam a pobreza", escreve José Roberto Afonso,
economista que também já ocupou vaga de superintendente da
área fiscal do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo Roberto Afonso, a saúde e a educação têm papel chave
neste trabalho de diminuição da
pobreza. Elas precisam estar aliadas a ações que levem à indução
do desenvolvimento local, inclusive com programas de qualificação profissional.
Estudo divulgado em janeiro
deste ano pelo Ministério do Desenvolvimento Social aponta que
somente o governo federal ofereceu no ano passado 150 ações de
geração de trabalho e renda espalhadas em 17 ministérios, além de
outras 28 ações visando o desenvolvimento local.
Aliadas aos programas de transferência de renda, essas ações
consumiram no ano passado
aproximadamente R$ 62 bilhões
do governo federal. Esse valor é
quase o dobro do Orçamento destinado à pasta da Saúde, o maior
da Esplanada.
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