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análise
Planalto cede aos desejos da base aliada
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O resultado mais nítido
das eleições ontem de presidentes de comissões de
trabalho no Congresso é
uma fragilização do Planalto em áreas vitais para
a administração do presidente Lula nos próximos
meses de crise econômica.
Em vez de escolher aliados
históricos, o governo teve
de se contentar com as vitórias de políticos recém-convertidos ao lulismo.
Em nome da ampla
aliança que mantém no
Congresso, Lula cedeu aos
desejos de sua base. Na
Câmara, houve poucas reclamações. Prevaleceu um
conchavo corporativo -já
usado para eleger Michel
Temer (PMDB-SP) presidente daquela Casa.
A presidência da Comissão de Minas e Energia da
Câmara ficou com o radialista Bernardo Ariston
(PMDB-RJ), que é do grupo do deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) -ex-adepto de Anthony Garotinho (ex-governador do
Rio) e hoje um lulista.
Essa comissão vai debater e votar a formatação do
modelo de exploração do
pré-sal. Analisará ainda
assuntos relacionados a
Furnas e Petrobras.
No Senado, o mesmo vale para a Comissão de Serviços e Infraestrutura, que
será presidida pelo senador Fernando Collor
(PTB-AL). O ex-presidente da República, antigo adversário de Lula e hoje na
base de apoio ao petista,
comandará todo o processo de escolha de exploração do pré-sal, as sabatinas
de diretores de agências
reguladoras e todo assunto relacionado a energia.
O acerto no Senado foi
mais traumático do que na
Câmara. Com a anuência
do Planalto, Collor derrotou Ideli Salvatti (PT-SC).
Os petistas não tiveram
como reagir. Sinalizam
que haverá sequelas. "Como naquela velha máxima
acaciana, as consequências vêm depois", diz em
tom misto de brincadeira e
ameaça o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP).
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