São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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análise

Planalto cede aos desejos da base aliada

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O resultado mais nítido das eleições ontem de presidentes de comissões de trabalho no Congresso é uma fragilização do Planalto em áreas vitais para a administração do presidente Lula nos próximos meses de crise econômica. Em vez de escolher aliados históricos, o governo teve de se contentar com as vitórias de políticos recém-convertidos ao lulismo.
Em nome da ampla aliança que mantém no Congresso, Lula cedeu aos desejos de sua base. Na Câmara, houve poucas reclamações. Prevaleceu um conchavo corporativo -já usado para eleger Michel Temer (PMDB-SP) presidente daquela Casa.
A presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara ficou com o radialista Bernardo Ariston (PMDB-RJ), que é do grupo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -ex-adepto de Anthony Garotinho (ex-governador do Rio) e hoje um lulista.
Essa comissão vai debater e votar a formatação do modelo de exploração do pré-sal. Analisará ainda assuntos relacionados a Furnas e Petrobras.
No Senado, o mesmo vale para a Comissão de Serviços e Infraestrutura, que será presidida pelo senador Fernando Collor (PTB-AL). O ex-presidente da República, antigo adversário de Lula e hoje na base de apoio ao petista, comandará todo o processo de escolha de exploração do pré-sal, as sabatinas de diretores de agências reguladoras e todo assunto relacionado a energia.
O acerto no Senado foi mais traumático do que na Câmara. Com a anuência do Planalto, Collor derrotou Ideli Salvatti (PT-SC).
Os petistas não tiveram como reagir. Sinalizam que haverá sequelas. "Como naquela velha máxima acaciana, as consequências vêm depois", diz em tom misto de brincadeira e ameaça o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP).


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