|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
De volta, Ciro ataca governo e critica Serra
Um dos nomes mais citados em pesquisas para 2010, deputado endossa reclamações sobre pré-candidatura de Dilma
Ele também questionou os rumos de educação e saúde; para Henrique Fontana, líder do governo na Câmara, ataques são "equivocados"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Disposto a se cacifar como
candidato à sucessão presidencial de 2010, o deputado Ciro
Gomes (PSB-CE), disse ontem
que o seu partido não tem que
pedir autorização para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
se quiser apresentar um projeto para o país e que "ninguém
duvide" da sua disposição de
concorrer em 2010.
Após um período no qual evitou a polêmica, Ciro voltou ontem ao Congresso e reassumiu
seu estilo ao criticar governo,
Petrobras, política econômica
do Banco Central e o governador tucano, José Serra (SP), seu
possível adversário.
Nas pesquisas, Ciro está quase sempre em segundo lugar,
atrás do tucano e com ampla
vantagem com relação à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
candidata do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Ciro usa as
criticas ao governo e ao tucano
como estratégia para cavar espaço e se colocar como opção à
polarização Serra e Dilma.
Durante seminário sobre a
crise, Ciro disse que concordava "em gênero, número e grau"
com o deputado Marcio França
(PSB-SP), que diz que Lula está
impondo o nome de Dilma,
"que não tem experiência eleitoral", sem ouvir a base aliada.
E comentou: "Time que não joga não faz torcida".
Ciro não poupou críticas à
política educacional e classificou como uma "merda" o ensino das universidades públicas.
Segundo ele, "a educação no
Brasil está piorando de forma
agônica" a ponto de faltar professor de matemática.
Sobre saúde, cujo ministério
já foi conduzido por Serra, disse
que ela "só piora, é um desastre". Ciro justificou suas críticas ao afirmar que não quer
mais ser omisso e que evitou
pensar alto em respeito a Lula.
A política do Banco Central
para enfrentar a crise econômica também foi atacada por ele.
"A política adotada para a crise
pelo BC é digna do "Almanaque
de Capivarol", traz coisas que
são de uma superficialidade
gritante." Ele, que foi ministro
da Fazenda de Itamar Franco,
quando ajudou a implementar
o Plano Real, citou o aumento
dos juros e do compulsório em
meio à crise como um erro.
Apesar disso, considerou que
o atual governo teve o mérito
de evitar a quebra do país mesmo que isso implique crescimento de 1% neste ano. Danos
na economia mesmo, para Ciro,
foram provocados pelo governo FHC que, segundo ele, entregou o país com 35% de carga
tributária, 78% de aumento na
dívida e sem ativos.
"O Serra era o ministro do
Planejamento, estava no centro
dessa política econômica, e depois foi ministro da Saúde. As
pessoas se esquecem disso."
Ciro defendeu mudança na
política econômica que se resume, para ele, em "usurpar dinheiro de quem trabalha e produz e transferir para quem vive
no rentismo [de renda]".
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que as críticas são "equivocadas".
Texto Anterior: Janio de Freitas: As faces da degradação Próximo Texto: Paraná: STF manda TCE afastar irmão de Requião do cargo de conselheiro Índice
|