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ESTADOS
Pedido de investigação foi feito por Brindeiro; Wilma de Faria é acusada de lavagem de dinheiro e crime contra ordem tributária
Governadora do RN é investigada pelo STJ
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) abriu inquérito penal
contra a governadora do Rio
Grande do Norte, Wilma de Faria
(PSB), para investigar a suspeita
de prática de crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro e evasão de divisa.
Essa medida foi requisitada pelo
procurador-geral da República,
Geraldo Brindeiro, em parecer
enviado anteontem ao tribunal.
Ele também solicitou o indiciamento, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico e o envio
de carta rogatória à Suíça para
confirmar se ela tem mesmo conta bancária naquele país.
Esses outros pedidos ainda serão examinados pelo ministro Cesar Asfor Rocha, designado relator do inquérito por sorteio. Caso
a Justiça suíça confirme a existência de conta em nome de Wilma
de Faria, Brindeiro quer o bloqueio do dinheiro depositado no
país por receio de que ele desapareça durante a investigação.
Todos as solicitações do procurador-geral estão fundamentadas
em apuração preliminar realizada
pelo Ministério Público Federal a
partir de acusações feitas em 2002
por Alexandre Magero Araújo,
ex-funcionário da agência de viagens Anacor, que tem sede na cidade de Recife e hoje se chama
Norte Câmbio Turismo.
No parecer, Brindeiro afirma
dispor da cópia de documento
que indicaria a existência de conta
bancária (nš 11.045) em nome dela no Tempus Private Bank, sediado em Zurique, na Suíça, com depósito de US$ 500 mil.
Em depoimento prestado a procuradores da República, Araújo
declarou que pegou dinheiro de
Wilma de Faria "quatro ou cinco
vezes", entre outubro de 1998 e
novembro de 1999, para levá-lo à
Anacor, trocá-lo por dólar e o entregar a pessoas ligadas a ela, que
na época era prefeita de Natal.
Essas pessoas seriam o ex-marido Herbert Spencer Batista e o irmão dele Hericson Spencer Batista. Brindeiro requereu ao STJ que
quebre os sigilos bancário, fiscal e
telefônico dos dois e que, na carta
rogatória enviada à Justiça suíça,
seja perguntado se eles são titulares de contas bancárias no país.
Foi pedida ainda a quebra dos
sigilos bancário e telefônico do
próprio Araújo, autor das acusações, e da agência de viagens. Outro alvo do inquérito é o dono da
agência, Manoel Eleutério Cal
Muinhos, que teve a quebra do sigilo telefônico solicitada.
Em todos os casos, as informações sigilosas seriam relativas ao
período entre junho de 98 e janeiro de 2000, quando ela estava na
Prefeitura de Natal. Na época, os
envolvidos negaram as acusações.
Consta que a agência Anacor foi
descredenciada pelo Banco Central por causa de irregularidades
cambiais e financeiras e substituída pela Norte Câmbio Turismo.
Normalmente, essas recomendações são integralmente acolhidas pelo STJ. O ministro Cesar
Asfor Rocha só deverá rejeitá-las
se considerar que elas contrariam
normas de leis e da Constituição.
A investigação correrá no STJ
porque esse é o foro criminal de
governadores. Concluído o inquérito, caberá ao procurador-geral decidir se pede a abertura da
ação penal por meio do oferecimento de denúncia ao tribunal.
Entre as providências recomendadas por ele no inquérito, está a
tomada de depoimento de Wilma
de Faria, do ex-marido, do irmão
dele, de Araújo e do dono da
agência de viagens de Recife.
"Cumpre salientar que os fatos
em apuração são da maior gravidade, concernindo inclusive à circulação de elevadas somas, que
podem constituir produto ou
proveito de crime", disse Brindeiro no parecer, de 11 páginas.
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