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São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

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NOVOS TEMPOS

Ex-prefeito paulistano deixa a presidência da legenda, que agora passa a se chamar Partido Progressista (PP)

PPB muda nome e busca se descolar de Maluf

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quase oito anos após a fusão que o criou, o PPB (Partido Progressista Brasileiro) decidiu ontem em convenção nacional mudar de nome, suprimindo o "B" e se tornando apenas PP (Partido Progressista). O objetivo é eliminar o simbolismo que liga a sigla ao ex-prefeito Paulo Maluf, 71.
Fundador do PPB, Maluf deixou ontem a presidência da legenda no momento em que o "B" desapareceu do nome, apesar de nada mais mudar no estatuto. Ele agora ocupará o cargo simbólico de presidente de honra do PP.
Em seu discurso, Maluf agradeceu o apoio durante os anos em que liderou o partido e relembrou sua trajetória: "Sou uma espécie em extinção, nunca mudei de mulher e nunca mudei de partido".
Embora procurando evitar ligar diretamente a mudança de nome com a tentativa de desvinculamento do malufismo, os novos dirigentes não esconderam que procuram "tempos novos".
"Precisamos encontrar uma identidade e um novo rumo para o partido. O PPB era um partido estigmatizado por ter sido criado por pessoas que participaram da revolução [movimento militar de 1964]", afirmou o deputado Pedro Corrêa (PE), que assumiu ontem por consenso a presidência do PP.
"Estamos mudando a cara do partido, ele não é mais de uma pessoa só, é de todos os membros", afirmou o deputado Augusto Nardes (RS), eleito segundo vice-presidente.
A verdade é que a trajetória política de Maluf se confunde com a árvore genealógica do PPB. Maluf iniciou a carreira política na Arena (Aliança Renovadora Nacional), que dava sustentação política ao regime militar (1964-1985). Com a volta do pluripartidarismo, em 1979, Maluf liderou o PDS na tentativa de se tornar o primeiro presidente civil depois do regime, em 1985.
Sua intenção foi torpedeada dentro do próprio partido, o que resultou em uma dissidência que deixou a legenda e acabou apoiando a candidatura vitoriosa de Tancredo Neves (PMDB), eleito pelo Colégio Eleitoral em janeiro de 1985.
O PDS continuou a existir até 1993, quando Maluf, então prefeito de São Paulo, articulou a fusão da legenda com o PDC, criando o PPR. Dois anos depois, nova fusão, desta vez com o Partido Progressista, resultaria no PPB.
A sigla PP também era desejada pelo PFL (Partido da Frente Liberal), que queria se transformar em Partido Popular. Segundo as regras da Justiça Eleitoral, a sigla agora não poderá ser usada por nenhum outro partido.
A convenção de ontem foi marcada também pela divisão interna da nova direção sobre a adesão ou não à base de sustentação política do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto o novo presidente da legenda defende a independência, com o apoio de vários parlamentares, o primeiro vice-presidente, Delfim Netto (SP), ausente na convenção, e o deputado Severino Cavalcanti (PE), defendem a adesão.


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