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NOVOS TEMPOS
Ex-prefeito paulistano deixa a presidência da legenda, que agora passa a se chamar Partido Progressista (PP)
PPB muda nome e busca se descolar de Maluf
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase oito anos após a fusão
que o criou, o PPB (Partido Progressista Brasileiro) decidiu ontem em convenção nacional mudar de nome, suprimindo o "B" e
se tornando apenas PP (Partido
Progressista). O objetivo é eliminar o simbolismo que liga a sigla
ao ex-prefeito Paulo Maluf, 71.
Fundador do PPB, Maluf deixou ontem a presidência da legenda no momento em que o "B" desapareceu do nome, apesar de nada mais mudar no estatuto. Ele
agora ocupará o cargo simbólico
de presidente de honra do PP.
Em seu discurso, Maluf agradeceu o apoio durante os anos em
que liderou o partido e relembrou
sua trajetória: "Sou uma espécie
em extinção, nunca mudei de mulher e nunca mudei de partido".
Embora procurando evitar ligar
diretamente a mudança de nome
com a tentativa de desvinculamento do malufismo, os novos
dirigentes não esconderam que
procuram "tempos novos".
"Precisamos encontrar uma
identidade e um novo rumo para
o partido. O PPB era um partido
estigmatizado por ter sido criado
por pessoas que participaram da
revolução [movimento militar de
1964]", afirmou o deputado Pedro
Corrêa (PE), que assumiu ontem
por consenso a presidência do PP.
"Estamos mudando a cara do
partido, ele não é mais de uma
pessoa só, é de todos os membros", afirmou o deputado Augusto Nardes (RS), eleito segundo
vice-presidente.
A verdade é que a trajetória política de Maluf se confunde com a
árvore genealógica do PPB. Maluf
iniciou a carreira política na Arena (Aliança Renovadora Nacional), que dava sustentação política ao regime militar (1964-1985).
Com a volta do pluripartidarismo, em 1979, Maluf liderou o PDS
na tentativa de se tornar o primeiro presidente civil depois do regime, em 1985.
Sua intenção foi torpedeada
dentro do próprio partido, o que
resultou em uma dissidência que
deixou a legenda e acabou
apoiando a candidatura vitoriosa
de Tancredo Neves (PMDB), eleito pelo Colégio Eleitoral em janeiro de 1985.
O PDS continuou a existir até
1993, quando Maluf, então prefeito de São Paulo, articulou a fusão
da legenda com o PDC, criando o
PPR. Dois anos depois, nova fusão, desta vez com o Partido Progressista, resultaria no PPB.
A sigla PP também era desejada
pelo PFL (Partido da Frente Liberal), que queria se transformar em
Partido Popular. Segundo as regras da Justiça Eleitoral, a sigla
agora não poderá ser usada por
nenhum outro partido.
A convenção de ontem foi marcada também pela divisão interna
da nova direção sobre a adesão ou
não à base de sustentação política
do governo Luiz Inácio Lula da
Silva. Enquanto o novo presidente da legenda defende a independência, com o apoio de vários
parlamentares, o primeiro vice-presidente, Delfim Netto (SP), ausente na convenção, e o deputado
Severino Cavalcanti (PE), defendem a adesão.
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