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PT SOB SUSPEITA
Segundo Promotoria criminal, empresas de transporte ligadas a Ronan Maria Pinto operam sem licitação
Prefeitura de Sto. André é acusada de favorecer empresário
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria criminal de Santo
André abriu inquérito contra a
prefeitura da cidade para investigar uma suposta rede de favorecimento a cinco empresas de transporte público que, mesmo sem licitação, operam com o poder municipal desde setembro de 2001.
Todas as empresas, segundo a
Promotoria, são ligadas direta ou
indiretamente ao empresário Ronan Maria Pinto -alvo de outra
ação criminal por suspeita de extorsão e formação de quadrilha.
Além dele, o atual inquérito atinge ainda o vereador Klinger Luiz
Oliveira de Souza (PT) que, na
época dos fatos, era secretário de
Serviços Municipais.
"Sem a livre concorrência, fica
sempre o mesmo grupo se locupletando de um contrato que é
público", disse o promotor criminal Roberto Wider Filho, um dos
responsáveis pela investigação.
Os empresários negaram ter
participado de irregularidades.
Segundo a prefeitura, no próximo
dia 23, será realizada uma audiência pública para discutir a licitação.
Atraso
Para o Ministério Público, a prefeitura deveria ter realizado uma
licitação em setembro de 2001,
quando venceu o contrato formal
com outras empresas. "Os contratos emergenciais são temporários
[de seis meses] e não podem ser
prorrogados", disse Wider.
A Prefeitura de Santo André firmou dois contratos emergenciais.
O primeiro, no valor aproximado
de R$ 20 milhões, vigorou de outubro de 2001 a março de 2002. O
segundo, de R$ 16 mil, até setembro do ano passado -os valores
são pagos pelos usuários de ônibus. Depois, o vínculo foi mantido por meio de uma ordem de
serviço, mecanismo que exclui a
apreciação do contrato pelo Tribunal de Contas.
As empresas que tiveram autorização para explorar o serviço
são: Guaianazes e Curuçá (de Ronan Maria Pinto), Parque das Nações (de Carlos Sófio), Padroeira
do Brasil (de Ozias Vaz) e São Camilo (de Baltazar de Sousa).
Os vínculos entre as empresas,
segundo a Promotoria, são os seguintes: Baltazar foi sócio de Ronan durante 15 anos, além de ser
seu concunhado; Vaz é amigo de
Ronan e a empresa de Sófio integra um consórcio com a Curuçá.
Em outras investigações, esses
empresários foram acusados de
pagar propina para o poder municipal como forma de garantir a
prestação de serviço. Em depoimento aos vereadores de Santo
André, todos negaram a suposta
rede de favorecimento.
Antes de encaminhar a denúncia (acusação formal) à Justiça, os
promotores criminais que cuidam do caso pretendem ouvir todos os empresários citados e outros cinco funcionários da prefeitura que atuaram na manutenção
do contrato sem licitação.
A punição prevista pela Lei de
Licitações (nš 8.666/93) é de três a
cinco anos de detenção.
PT
A abertura de um inquérito criminal para investigar uma administração comandada pelo PT é
um assunto delicado para o partido, hoje no governo federal
-principalmente porque o foco é
uma cidade considerada vitrine
da gestão petista.
As primeiras denúncias de irregularidades surgiram após o assassinato do prefeito Celso Daniel, em janeiro de 2002. Segundo
as acusações, operava na cidade
um esquema de cobrança de propina de empresários da cidade.
Parte do dinheiro seria gasta nas
campanhas eleitorais do PT, o que
o partido sempre negou.
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