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MATO GROSSO
Juiz ordena devolução de R$ 1 milhão, que teria sido enviado a fantasmas
Presidente da Assembléia é afastado
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O juiz João Ferreira Filho determinou no início da noite de ontem o afastamento do deputado
José Geraldo Riva (sem partido)
do cargo de presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso.
Segundo informações do Tribunal de Justiça, o deputado não foi
localizado na noite de ontem para
receber a notificação.
O Ministério Público Estadual
pediu na quinta o afastamento de
Riva e o ressarcimento R$ 1 milhão à Assembléia, o que corresponde ao valor de 14 de cheques
descontados, segundo o Ministério Público, em dezembro em
uma agência do Banco do Brasil.
"Das 12 empresas supostamente
beneficiárias dos cheques, 11 são
fantasmas", diz trecho da ação
movida pelo procurador-geral de
Justiça, Guiomar Teodoro Dias.
Os cheques foram assinados
por Riva, na época primeiro-secretário da Assembléia, e pelo então presidente, Humberto Bosaipo (PL), também alvo da ação.
Cópias dos cheques foram encontradas na empresa Piran Factoring (que negocia cheques pré-datados), em Brasília (DF), durante a operação Arca de Noé,
realizada pela Polícia Federal com
o objetivo de combater o crime
organizado em Mato Grosso.
Dias moveu ação também contra os servidores da Assembléia
Luiz Eugênio de Godoy e Nasser
Okde, e os contadores, José Quirino Pereira e Joel Quirino Pereira,
que teriam cadastrados as empresas fantasmas.
A Agência Folha entrou em
contato com assessoria de Riva e
foi informada de que até às 19h
(20h em Brasília) o deputado não
havia tido conhecimento da decisão. Até o fechamento desta edição, ele não havia feito contato.
Ontem, a Justiça Federal determinou a prisão de mais quatro
pessoas suspeitas de participar do
crime organizado e esquema de
lavagem de dinheiro em Mato
Grosso. Nenhum suspeito foi preso. Foram apreendidos dois carros, jóias e documentos. Segundo
a PF, a organização lavava dinheiro usando empresas uruguaias.
As operações sob suspeita no
Uruguai, mencionadas pela polícia, envolveram US$ 20 milhões.
A quantia teria sido usada na
construção de um shopping em
Rondonópolis (MT) e na compra
de um avião. Entre as pessoas
com mandado de prisão decretado está Sílvia Chirata Arcanjo,
mulher do "comendador" João
Arcanjo Ribeiro. Acusado de ser o
chefe do crime organizado no Estado, Arcanjo está foragido desde
dezembro.
(HUDSON CORRÊA)
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