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Custo em 2003 foi 12,5% menor que em 2002; administração direta puxa queda, mas estatais aumentam despesas
Lula gastou menos que FHC em publicidade
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) gastou menos em
publicidade no seu primeiro ano
do que o de Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) em 2002.
Segundo dados inéditos que serão colocados na internet nos
próximos dias pela Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República), o Poder
Executivo federal gastou R$ 563,6
milhões em 2003 com publicidade -12,5% a menos que FHC,
que teve uma despesa de R$ 643,4
milhões em 2002. Os números estão atualizados pelo IGP-M, calculado pela FGV.
Há uma ressalva sobre os números: não incluem gastos com
publicidade legal (balanços, editais etc.), produção e patrocínios.
A omissão também está nos cálculos de FHC. Esses três itens respondem, segundo a Folha ouviu
no mercado publicitário, por até
cerca de 40% do total gasto com
propaganda estatal federal.
Em geral, estima-se que o Poder
Executivo federal -administração direta e indireta- gaste cerca
de R$ 1 bilhão/ano com publicidade. Os números apresentados
pelo ministro responsável pela Secom, Luiz Gushiken, revelam parte da despesa. Ainda assim, a divulgação é uma iniciativa inédita.
A Folha vem requerendo esses
dados da Secom desde novembro
de 2003. Primeiro, a assessoria negou a existência dos dados. Confrontado com o fato de que os números estavam no arquivo da Secom, o ministro autorizou a liberação parcial do solicitado.
O pedido da Folha era para que
fossem divulgados gastos detalhados por veículo e as receitas de
cada agência de publicidade. Esses dados não foram fornecidos.
"Temos algumas limitações
quanto à divulgação de investimentos em cada empresa de comunicação (...) O investimento
em publicidade não se faz por
meio de licitação. É um processo
de negociação técnica, que deve
seguir as regras e parâmetros utilizados pelo mercado. A divulgação desses dados enfraquece as
margens de negociação e compromete a eficácia e o uso dos gastos públicos", diz Gushiken.
Estatais gastam mais
Os gastos em publicidade são
divididos em duas categorias: 1)
administração direta (Presidência
e ministérios) e autarquias e empresas que não concorrem no
mercado (Eletrobrás, companhias Docas etc.) e 2) grandes estatais que sofrem concorrência
(Petrobras, Correios e bancos).
Na soma total, Lula gastou menos do que FHC. A relação se inverte quando se considera apenas
as grandes estatais.
Em 2003, as estatais que concorrem no mercado consumiram R$
420,7 milhões (um aumento de
2,94% em relação a 2002).
Quando se considera apenas a
administração direta, o valor gasto por Lula foi de R$ 142,9 milhões
-queda grande (39,1%) se comparada a 2002: R$ 234,7 milhões.
Há duas explicações para a redução na administração direta,
mas não nas grandes estatais.
Primeiro, porque numa troca
de governo muitas vezes o gestor
que toma posse deseja mudar a
política de comunicação. Quando
começa a gastar, boa parte do ano
já passou. A despesa fica menor
do que no período anterior.
Esse tipo de adaptação não é tão
sentido nas estatais, que não podem parar de fazer propaganda
sob o risco de perderem mercado.
A outra razão para a queda na
publicidade da administração direta é o acordo do país com o FMI,
que limitou os gastos federais.
Meio jornal perde mais
Os números da Secom explicam
um pouco a crise na mídia. A propaganda estatal -da União, Estados e municípios- no Brasil responde por cerca de 7% a 10% do
bolo publicitário. O Brasil é um
dos países com maior gasto publicitário estatal do planeta, conforme pesquisas resumidas em reportagem da Folha de 10 de novembro passado.
O pico de gastos federais com
publicidade foi em 2001, com R$
806 milhões. De lá para cá, a queda foi de 30,2%. Essa redução foi
maior em alguns meios.
O meio jornal é, de longe, o que
teve mais cortes. De 2002 para
2003, a queda foi de 38,5%.
O melhor ano para os jornais
nesse mercado foi 2000, quando o
governo federal gastou R$ 153,1
milhões para publicar seus anúncios. De 2000 para 2003, a receita
publicitária estatal federal dos jornais registrou perda de 62,1%.
Na transição de FHC para Lula,
o meio revista foi um dos mais
poupados, com uma redução de
apenas 0,99%. As revistas hoje
têm uma fatia do bolo publicitário
federal maior do que os jornais
(11,4% contra 10,3%). Só perdem
para o meio TV, que tem 61,1%.
"A compra de mídia está cada
vez mais técnica. O critério para o
anunciante é a atratividade. A decisão é determinada pela relação
custo/benefício. Os mais rentáveis
-preço versus audiência- acabam sendo mais utilizados. É
bom registrar que, apesar do nosso interesse pelo meio jornal, os
descontos oferecidos não alcançaram os patamares das demais
mídias", diz Gushiken.
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