São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Instituto subordinado à Casa Civil vai auditar computadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Onze dias após criar uma comissão de sindicância para apurar o vazamento de dados do Planalto, a ministra Dilma Rousseff disse que um outro órgão -o ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação)- entrou ontem nas investigações. Tanto a comissão de sindicância como o ITI são subordinados à Casa Civil.
Durante a entrevista coletiva de ontem, a própria ministra reconheceu que o instituto é vinculado à Casa Civil ao afastar a possibilidade de a Polícia Federal fazer perícia nos computadores do Planalto. "Não será a PF que vai auditar", disse.
Cinco computadores usados na montagem do dossiê foram tirados do uso ontem para que sejam analisados pelo ITI.
Mais de uma vez, a ministra disse que o objetivo é investigar o vazamento das informações do Planalto. Ou seja, não é preocupação do governo apurar o conteúdo das informações lançadas na base de dados da Casa Civil e se seu viés claramente político teria sido resultado de suposta montagem.
O ITI é o responsável pela promoção e execução de políticas voltadas ao desenvolvimento tecnológico. O diretor-presidente da autarquia é o técnico Renato da Silveira Martini.
A comissão de sindicância criada por portaria de Dilma no dia 24, com prazo de um mês para apresentar conclusões, é integrada por um funcionário da CGU (Controladoria Geral da União), outro da AGU (Advocacia Geral da União) e um terceiro da Casa Civil.
A comissão se reporta à secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, que se responsabilizou por mandar criar a base de dados com gastos do governo FHC em fevereiro, quando o Congresso se preparava para investigar gastos do governo Lula com cartões.
Desde o início da crise do dossiê, o governo resiste à possibilidade de a PF participar das investigações. Na semana passada, a hipótese foi descartada pelo ministro Tarso Genro (Justiça) a pretexto de o caso não ser criminal, mas político.
Ontem, ele admitiu analisar a possibilidade desde que haja convocação por parte de autoridade. Os partidos de oposição já pediram a abertura de inquérito no Ministério Público.
Apesar de insistir na versão de que as planilhas a que a Folha teve acesso foram montadas a partir da base de dados do Planalto, a Casa Civil não cogita uma perícia que pudesse recuperar o histórico dos lançamentos de dados de despesas.
Dilma disse que uma das colunas da planilha não consta da base da Casa Civil. "Estou afirmando que todos os elementos que obtive mostram que essa coluna "observações" não existe na nossa base de dados."
A Folha apurou que os relatórios foram produzidos nesse formato desde 11 de fevereiro. (MARTA SALOMON E EDUARDO SCOLESE)


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