São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2000


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PAINEL

Teatro de operações

A estratégia de FHC para atacar o MST tem duas etapas: isolar politicamente o movimento, com o auxílio das oposições, e só usar a força em último caso. O Planalto avalia que a 1ª etapa está vencida. E aposta que, sem apoio no Congresso e na sociedade, os sem-terras recuam.

Ação metódica

FHC tinha dúvidas se a oposição endossaria as ações do MST. E pediu para Aécio Neves (PSDB-MG) sondar os partidos. A oposição condenou as invasões e topou mediar uma saída. Era a senha que o Planalto precisava para endurecer.

Plano de vôo

Antes de botar a Polícia Federal ou o Exército para desocupar prédios públicos, o Planalto vai esperar pela ação dos governos estaduais. Só depois, acionado pelos governadores, é que mobilizará forças federais. Tudo combinado antes, é claro.

Terra de ninguém

Conclusão que chegou ao Planalto depois que fracassou a tentativa de intermediação da oposição: o PT não tem controle sobre o MST e congêneres. A legenda bem que tentou ajudar, dizem assessores de FHC.

Efeitos da prisão

Um dos 13 sem-terra presos desde anteontem no Carandiru, em São Paulo, passou a noite insone e pela manhã falava coisas sem nexo. Frei Betto, que os visitou ontem, saiu do presídio desolado. Alguns sem-terra estariam doentes e todos eles tiveram os cabelos raspados.

Polindo as estrelas

Comandante das operações contra o MST, Alberto Cardoso (Segurança Institucional) vai começar a aparecer na TV. O Planalto quer mostrar a imagem de um general democrata. Escondido, parece um militar truculento à moda antiga.

Pega no tranco

O preço da Lei de Responsabilidade Fiscal é a eterna vigilância: já funciona uma subcomissão do Senado para estudar "adequações" ao texto sancionado ontem com pompa e circunstância por FHC.

Chá de cadeira

O deputado Carlos Melles (PFL-MG) esperava para ontem o convite formal de FHC para o ministério do Turismo. Ficou para hoje: ocupado na sala de operações da guerra contra o MST, FHC cancelou a agenda. O deputado espera.


Saída honrosa

ACM recuou e autorizou o PFL a votar os R$ 151 para o mínimo. Mas não perdeu a pose: alegou que o governo passa por um momento delicado, devido ao confronto com os sem-terra. Não seria conveniente atazanar.


De mal

Punido com uma censura pública pelo Conselho de Ética do Senado pela troca de acusações com Jáder Barbalho, ACM não se conteve. Ligou ontem para o presidente do Conselho, Ramez Tebet (PMDB-MS). Deixou claro: as relações estão rompidas.

Notas de papel

A CPI do Finor recebeu informações sobre um golpe em gestação na Sudene. Dívidas de empresários nordestinos no valor de R$ 900 milhões podem virar papéis de longo prazo.

Dívida explosiva

A bancada governista suou para aprovar o refinanciamento da dívida de R$ 427 milhões contraída pelo governo de Alagoas para liquidar seu banco estadual, o Produban. Em 95, quando o BC interveio no banco, a dívida era de R$ 36 mi.

Visitas à Folha

Maria Silvia Bastos Marques, diretora-presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada da assessora de imprensa Mariza Louven.

O embaixador do Kuait no Brasil, Nasser S. al-Sabeeh, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Abdo Alaby.
TIROTEIO

Do presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, sobre a conduta do governo FHC em relação aos sem-terra:
- O governo quer criminalizar o movimento social e usar o MST como bode expiatório. FHC que não se iluda: nós, do PT, não vamos funcionar como bombeiros dessa crise.

CONTRAPONTO

Um momento de ternura
O presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL), e o ministro da Saúde, José Serra (PSDB), vivem sempre às turras. O último episódio da disputa dos dois políticos foi o projeto de emenda constitucional que vincula recursos públicos para a saúde, como já ocorre com a educação. Por pura implicância, ACM reteve a emenda o quanto pôde.
Na semana passada, o senador enviou o projeto para a Comissão de Constituição e Justiça, mas anexou parecer dizendo que julgava a emenda inconstitucional.
A idéia inicial de ACM era arquivar o projeto. Foi demovido, a muito custo, pelo senador José Eduardo Dutra, que é do PT, mas joga com Serra na questão.
Na conversa definitiva que teve com o senador baiano, Dutra argumentou:
- Essa emenda não é do Serra. É antiga. Estava aqui muito antes dele virar ministro...
ACM pensou e respondeu:
- Está bem, está bem. Nesse caso, vou contemporizar...


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