São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2000


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Sem-terra desocupam prédios públicos

da Agência Folha

da Reportagem Local

Os integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que invadiram, na última terça-feira, representações do Ministério da Fazenda nas capitais, começaram a sair dos prédios ontem.
O MST desocupou as representações em Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Porto Velho (RO), Campo Grande (MS) e Teresina (PI).
As invasões prosseguiam apenas em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT) e Aracaju (SE).
No Rio Grande do Sul, os sem-terra permanecem acampados nos prédios do Incra e do Ministério da Fazenda, no centro de Porto Alegre.
Os coordenadores do movimento gaúcho informaram que não receberam nenhuma orientação para promover a desocupação, mas há uma liminar da Justiça Federal que determina a reintegração de posse dos prédios.
"Essa questão não é policial: é social", declarou José Hermeto Hossmann, secretário estadual da Agricultura, referindo-se ao fato da polícia gaúcha não estar reprimindo o movimento.
Desrespeitando liminares da Justiça Federal, os sem-terra de Mato Grosso permanecem nas sedes da Receita Federal e do Incra em Cuiabá.
Ontem pela manhã, as lideranças locais do MST tentaram se reunir com o governador Dante de Oliveira, mas não foram recebidas.
A polícia ainda não foi convocada, mas acompanha o manifestação de perto. Os coordenadores do movimento afirmam que não receberam nenhum comunicado para deixar o prédio.
Em Minas Gerais, os 350 sem-terra que invadiram na terça-feira a Receita Federal no centro de Belo Horizonte mantiveram ontem invadido o saguão do andar térreo do prédio, amparados por uma liminar concedida pela 7ª Vara da Justiça Federal em Minas. O prazo para eles deixarem o local termina às 6h de hoje.
Na manhã de ontem, 60 famílias sem-terra ligadas à Fetaemg (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais) acamparam em frente ao prédio do Incra, na capital mineira.
Em Sergipe, os sem-terra permanecem ocupando o prédio do Incra em Aracaju. Cerca de 200 manifestantes -800 segundo o MST- bloquearam a rodovia Juscelino Kubitschek, no extremo norte do Estado, que liga o município de Canindé de São Francisco (SE) ao município de Paulo Afonso (BA).
De acordo com a PM, o protesto foi pacífico e não houve prejuízo para o tráfego.
Em São Paulo, 15 sem-terra permanecem presos no Complexo Penitenciário do Carandiru (zona norte da capital).
Advogados do MST estão reunindo documentos como atestado de domicílio e de antecedentes criminais.
A intenção é provar que os sem-terra presos não representam risco à sociedade e que, portanto, podem ser soltos mediante fiança. Ainda não há previsão para que os documentos sejam apresentados.
Cerca de 650 outros integrantes do movimento estão alojados em uma igreja no bairro da Barra Funda (zona oeste) e prometem fazer manifestações nos próximos dias para pressionar pela libertação de seus colegas.


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