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MÁQUINA PARADA
Transportes gastou 1,5% do total previsto, e Integração Nacional, 1,94%; Mantega faz balanço positivo
Governo só investe 4,46% do Orçamento
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nos cinco primeiros meses do
ano, o governo só conseguiu gastar 4,46% dos R$ 9,5 bilhões em
investimentos previstos no Orçamento de 2004. O comparativo,
fornecido pelo Ministério do Planejamento, é feito com base em
números que já levam em conta
os cortes de R$ 4,2 bilhões que
ainda atingem a lei orçamentária.
Somando custeio (manutenção
da máquina pública) e investimentos, a execução chegou a 27%
até o dia 28 de maio. Essa parcela
das despesas, hoje limitada a R$
62,7 bilhões para todo o ano, é a
que pode ser gasta ou não, ou seja,
a que não possui pagamentos
obrigatórios (como pessoal).
Na reunião ministerial de ontem, o ministro do Planejamento,
Guido Mantega, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
que o total de 27% é o melhor dos
últimos cinco anos. No ano passado, segundo ele, a execução foi de
25,7% até maio. No último ano do
governo anterior, no mesmo período, o percentual foi de 25,3%.
Se o Orçamento fosse executado
de maneira uniforme, até maio os
ministérios já deveriam ter gasto
41,7% do total. Mas é normal que
as contratações sejam mais elevadas no primeiro semestre para
que as despesas aconteçam com
mais força no segundo semestre.
Mas a execução dos investimentos é baixa de acordo com os próprios dados oficiais. Ministérios
que concentram gastos em infra-estrutura não conseguiram tirar
seus orçamentos do papel. O Ministério dos Transportes gastou o
equivalente a apenas 1,5% do total. Na Integração Nacional, o gasto foi de 1,94%. O Ministério das
Cidades, que gasta em habitação e
saneamento, teve um desempenho um pouco melhor: 8,17%.
Mantega tem dito que muitos
ministérios ainda estão pagando
despesas do ano passado. Esses
pagamentos elevam a execução
de 2003 (e não a de 2004) e reduzem a disponibilidade financeira
para os gastos deste ano.
A menor despesa de investimentos, segundo as informações
do Planejamento, foi registrada
no Ministério dos Esportes, que
gastou apenas 0,01% do seu limite
até maio deste ano. Somando custeio, o ministério foi o que apresentou a menor execução orçamentária: apenas 4,03% do total.
Em relação ao custeio geral, os
ministérios também mantiveram
uma média baixa, gastando 31%
do total. Os maiores gastos nessa
área são justamente os dos ministérios da área social. Os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social conseguiram gastar
mais que 37% das despesas programadas. Mas a Educação, que
possui R$ 5,2 bilhões para 2004,
gastou só R$ 1,2 bilhão, ou pouco
mais de 23% do total. Assessores
de Mantega e do Tesouro afirmam que o dinheiro vem sendo
liberado, mas a responsabilidade
pela execução é dos ministérios.
No ano passado, o argumento
do governo para o desempenho
abaixo da média era o de que muitos ministros estavam reavaliando os programas do governo anterior. No final do ano, o governo
fez um superávit primário (economia para pagar juros da dívida)
maior do que o programado.
A situação por ministério seria
ainda pior se o governo já tivesse
destinado cerca de R$ 1,6 bilhão
que ainda permaneciam em uma
reserva no Orçamento até o dia 28
de maio. Na sua apresentação de
ontem, Mantega disse que os gastos com passagens aéreas e diárias
estão menores, mas divulgou um
comparativo entre 2003 e 2002.
Ou seja, não incluiu 2004. E afirmou que o novo salário mínimo
vai elevar as transferências de renda de R$ 26,6 bilhões em 2003 para quase R$ 30 bilhões neste ano.
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