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OPERAÇÃO VAMPIRO
Documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram que Jaisler Jabour enviou dinheiro para outros países
Empresário suspeito tem conta no exterior
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documentos apreendidos pela
Operação Vampiro, deflagrada
pela Polícia Federal em maio, revelam que o empresário e lobista
Jaisler Jabour possui conta bancária no exterior. A PF não revelou
quais são esses documentos.
Jabour é um dos acusados de
participar do esquema de fraudes
nas compras do Ministério da
Saúde, agindo como representante de laboratório no contato com
os servidores.
O levantamento, ainda preliminar, deve ser reforçado com outros elementos colhidos em meio
aos 42 mandados de busca e
apreensão de documentos e equipamentos pertencentes a lobistas,
empresários e servidores acusados no esquema.
A reportagem tentou localizar,
ontem à noite, o advogado de Jabour, Felipe Amodeu, mas ele não
foi encontrado em seu celular.
Na próxima semana, o DRCI
(Departamento de Recuperação
de Ativos Financeiros e Cooperação Jurídica Internacional), órgão
do Ministério da Justiça especializado no combate à lavagem de dinheiro, vai iniciar as tratativas necessárias ao bloqueio de recursos
que eventualmente pertençam ao
empresário Jaisler Jabour.
Na terça-feira, técnicos do
DRCI reuniram-se com colegas
do Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras) para debater a estratégia de rastreamento
de eventuais contas dos suspeitos
em outros países.
Ontem, também foi identificada
e bloqueada judicialmente uma
conta em nome de Maranat Assessoria Ltda., com um saldo de
R$ 1 milhão, na agência do Citibank da avenida Paulista. O beneficiário, segundo os investigadores, seria Elias Abboadalla, também suspeito de participação no
esquema de fraudes da Saúde. A
Folha procurou ontem o advogado de Abboadalla, João Berchmans Corrêia Serra, mas ele estava viajando e não foi localizado.
Não é a primeira conta bloqueada no Brasil. O empresário Laerte
de Arruda Corrêa Júnior tentou,
por duas vezes, movimentar recursos -na primeira, um total de
R$ 4,5 milhões e, na outra, R$ 840
mil. O DRCI rastreou as transferências e bloqueou o dinheiro.
Os investigadores esperavam
por esse movimento dos suspeitos. Segundo um delegado da PF,
até agora só se conhece o lado "visível" do patrimônio, ou seja, os
bens que estão em nome dos próprios suspeitos. A rede de laranjas
e parentes ainda está sendo mapeada pela inteligência da PF.
Em Brasília, a polícia conseguiu
autorização judicial para apreender bens, como uma lancha e um
jet-ski, em nome do empresário
André Murgel, e dois automóveis
Jaguar, em nome da mãe de Jabour. Os investigadores tentam
agora rastrear o dinheiro utilizado na compra dos carros.
Depoimentos
A PF ouviu ontem, mais uma
vez em depoimento, os empresários Lourenço Rommel Peixoto e
Murgel, que preferiu só se manifestar a respeito das suspeitas à
Justiça. Indagado sobre sua suposta participação na quadrilha,
Rommel respondeu que não tinha conhecimento dos fatos.
Rommel e Jabour são os únicos
dois suspeitos que permanecem
detidos, dos 17 presos no dia 19 de
maio, quando a Operação Vampiro foi deflagrada. Na terça, a
Justiça também determinou a prisão de Corrêa, que chegou a ensaiar um acordo para se entregar,
mas ainda permanece foragido.
Em depoimento no dia 24 de
maio, o servidor Luiz Claudio Gomes da Silva afirmou "que, por
bobagem ou esquecimento, não
declarou [à Receita Federal] a
quantia" encontrada em apartamento -R$ 120 mil, US$ 20 mil e
7.000.
Homem de confiança do ministro Humberto Costa (Saúde), Silva ocupou a Coordenadoria Geral
de Recursos Logísticos até o dia 19
de maio, quando foi preso e exonerado. Grande parte das compras da pasta passava por essa
coordenadoria. Silva também negou participação na quadrilha.
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