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OPERAÇÃO GATINHO
Despachante afirma que policiais recebem R$ 50 mil mensais
Chong suborna polícia, diz acusado
DA REPORTAGEM LOCAL
O despachante Pedro Lindolfo
Sarlo, preso na terça-feira pela Polícia Federal de Brasília sob acusação de tentar subornar o presidente da CPI da Pirataria, deputado federal Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), disse, em conversas gravadas por câmeras do "Jornal Nacional", da Rede Globo,
que mensalmente o empresário
Law Kin Chong paga R$ 50 mil ao
Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) para não ser importunado.
"A avenida Paulista paga em
média R$ 50 mil por mês para o
Deic", disse Sarlo. Ele referia-se a
um shopping popular, o Stand
Center, que seria de propriedade
de Chong. O diretor do Deic, Godofredo Bittencourt, disse que
não conhece Pedro Lindolfo Sarlo
e que qualquer denúncia de irregularidade pode ser apurada pela
Corregedoria da Polícia Civil.
Minutos antes de ser preso, como mostra a gravação, Sarlo fez
uma ligação telefônica de seu celular para uma pessoa que disse
ser policial federal com estreita ligação com a cúpula da PF paulistana, como a Folha noticiou na
edição de quinta-feira. "Oi, meu
irmão. É hoje?", pergunta. "Não
vai ser hoje? Vai ser total? Tem de
ser total", continua.
A assessoria de imprensa da PF
em São Paulo disse que, se ficar
provado que algum servidor da
instituição está envolvido em irregularidade, ele será afastado.
Em outra gravação, Chong, que
também foi detido na terça-feira,
sob a mesma acusação, menciona
o nome de um policial federal como um dos supostos beneficiários
de um esquema de pagamento de
propina a policiais. Mas diz que,
"se tivesse confiança [no policial],
não o tiraria. Ele fala demais". O
empresário teria oferecido inicialmente US$ 2 milhões a Medeiros
em troca de o deputado não citar
seu nome no relatório final da CPI
da Pirataria, que será apresentado
na semana que vem.
Documentos do serviço de inteligência da PF demonstram que
Chong também mantinha contatos com policiais federais, como o
delegado José Augusto Bellini e o
agente Cesar Herman Rodrigues,
e até juízes federais, como João
Carlos da Rocha Mattos, Ali Mazloum, Casem Mazloum. Todos
foram denunciados na Operação
Anaconda, que investigou o comércio de sentenças judiciais. Os
Mazloum negaram que tenham
amizade com o empresário.
A Folha tentou, por cinco vezes,
falar com o advogado de Chong,
mas não conseguiu.
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