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SISTEMA FINANCEIRO
Com salário de R$ 1.000 mensais, ele é suspeito de ser "laranja"
PF prende funcionário que
enviou R$ 3,6 mi ao exterior
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
O funcionário público Ismael Filadelfio Adorno, 28, está preso desde a quarta-feira na Divisão da Polícia Federal em Foz do Iguaçu
(PR) sob a acusação de ter sido ""laranja" no envio de R$ 3,6 milhões
para o exterior por meio de contas
CC-5.
Funcionário do setor de habilitação do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) em Foz do
Iguaçu, Adorno teve sua prisão
temporária determinada pela Justiça Federal em Foz do Iguaçu depois que se recusou a depor espontaneamente na PF naquela cidade.
A prisão temporária tem validade para cinco dias, podendo ser renovada por mais cinco a pedido de
autoridade policial.
Adorno está sendo investigado
pela Dicoi (Divisão de Combate ao
Crime Organizado e Investigações
Especiais), setor da Polícia Federal
em Brasília.
Ontem, delegados do Dicoi não
descartaram a possibilidade de pedir à Justiça sua prisão preventiva.
Adorno faz parte de uma lista de
226 nomes de pessoas que supostamente atuam como "laranjas"
para o envio de dinheiro para o exterior, por meio de contas CC-5. A
lista foi entregue pelo Banco Central a pedido da Justiça.
As contas CC-5 são usadas -legalmente- para a remessa de divisas ao exterior por empresas
multinacionais, empresas brasileiras com interesses comerciais em
outras nações e por pessoas físicas
(brasileiras ou estrangeiras) com
domicílio fora do país.
Funcionário público com um salário de aproximadamente R$
1.000, Adorno não conseguiu, conforme a Agência Folha apurou junto à PF em Foz, explicar como remeteu R$ 3,6 milhões ao exterior.
A Agência Folha não conseguiu
falar com Adorno ontem na Polícia Federal de Foz. Não foi localizado nenhum representante legal do
funcionário do Detran.
De 1992 a 31 de dezembro de 1998
foram enviados R$ 7,5 bilhões por
meio de contas CC-5 ao exterior
por pessoas físicas. As pessoas jurídicas (empresas) enviaram no
mesmo período R$ 104,4 bilhões.
O procurador da República em
Cascavel (oeste paranaense) Celso
Antônio Três, 36, que investiga suposta lavagem de dinheiro com
uso das contas CC-5, avalia que
80% das remessas de pessoas físicas e 50% das remessas de pessoas
jurídicas tenham sido feitas de forma ilegal.
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