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GRAMPO NO BNDES
Nota divulgada ontem é contraponto à falta de um apoio claro de FHC ao ministro da Casa Militar
Exército assume defesa do general Cardoso
RUI NOGUEIRA
da Sucursal de Brasília
A guerra dos
grampos telefônicos, as críticas
à reorganização
do serviço de inteligência e os
conflitos com a
Polícia Federal
fizeram o Exército saírem defesa
do general Alberto Cardoso, ministro-chefe da Casa Militar.
Por meio de um Informex, "a palavra oficial do Exército", como se
define o informativo da Força, o
general Luiz Cesário da Silveira Filho, chefe do Centro de Comunicação Social, disse ontem que o Exército "reitera sua plena confiança na
conduta ilibada do general Cardoso e repele, com veemência, as insinuações dirigidas contra a pessoa
desse honrado chefe militar".
O general Cesário admite que a
nota é "a propósito do recente noticiário" e que a "incumbência" foi
do próprio ministro do Exército.
A Folha apurou que a decisão do
Exército foi tomada para servir de
contraponto à parcimônia com
que o governo estaria se comportando na defesa do ministro.
É por isso que, antes de encerrar
com a defesa "da honra" do general Cardoso, a nota lembra que ele
ocupa um "cargo de confiança do
presidente da República" e que
"foi convocado" para as tarefas de
reorganizar, em nível nacional, as
áreas de inteligência e de prevenção e combate às drogas.
Traduzindo: se o ministro tem
cargo de confiança, o que ele faz é
de conhecimento do presidente da
República. Ele "não pode ser deixado no ar", disse à Folha um chefe militar que pediu anonimato.
Desde que a assumiu a Casa Militar, no primeiro mandato de FHC,
o general Cardoso vem concentrando, formalmente, as tarefas de
controle e reorganização do serviço de inteligência remanescente do
antigo SNI (Serviço Nacional de
Informações), do tempo do regime
militar (1964-85), e exercendo uma
espécie de vigilância informal sobre a Polícia Federal, um dos órgãos mais corporativos da União.
O desgaste maior, porém, tem sido com o grampo no BNDES. Funcionários da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), subordinada
a Cardoso, são suspeitos no caso.
As investigações da PF e do Ministério Público levantam indícios
no sentido de que o ministro da
Casa Militar dificilmente deixaria
de saber da ação dos seus agentes.
Em entrevista recente, no Planalto, o general negou qualquer envolvimento com o grampo. "Não
saiu uma ordem minha ou de algum dirigente da subsecretaria
(área de inteligência) dizendo: 'Vá
lá, faça um grampo". Até porque
(esse ato) é ilegal."
Investigação
A PF está investigando agora um
telefone celular da Abin no Rio, em
busca de pistas sobre a autoria do
grampo no BNDES.
A investigação do aparelho, número 9982-6794, foi iniciada a partir de um informante do delegado
Rubens Grandini, que preside o inquérito.
Até agora, os principais suspeitos são Temílson Antonio Barreto
de Resende, agente da Abin no Rio;
Adílson Alcântara de Matos, investigador particular; e Célio Rocha,
ex-agente da PF. Os três tiveram
telefones grampeados pela PF com
autorização judicial.
Colaborou a Sucursal do Rio
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