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QUESTÃO AGRÁRIA
Líder de movimento diz que milhares de sem-terra sairão às ruas para protestar no próximo dia 25
Liberação de verba é propaganda falsa de FHC, afirma Rainha
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
O anúncio da liberação de R$ 2,1
bilhões para atender às reivindicações do MST não passa de "propaganda enganosa" do governo
para evitar os protestos de sem-terra marcados para o próximo
dia 25, Dia do Trabalhador Rural.
A afirmação é de José Rainha Júnior, líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) na região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste de
São Paulo.
"O grande problema é que o governo só anuncia, mas não age",
disse Rainha. Ele cita como exemplo a não-liberação de um crédito
de R$ 600 mil para a Cocamp, a
cooperativa do Pontal da qual é
secretário.
"Esse dinheiro estava contratado e assinado desde 97 e agora o
Banco do Brasil não paga. Se eles
sumiram com esse dinheiro, como podem prometer agora R$ 2,1
bilhões?"
O líder dos sem-terra afirma
que o MST vai colocar milhares
de trabalhadores rurais acampados e assentados na rua no movimento que denominou "levante
do dia 25 de julho".
Rainha disse que o protesto só
não ocorrerá se forem cumpridas
três condições: desbloqueio dos
R$ 600 mil da Cocamp, liberação
imediata de crédito para custeio e
plantio dos assentados e fim das
auditorias (que ele chama de intervenções) nas cooperativas do
MST.
Auditorias
As auditorias nas 70 cooperativas do movimento foram determinadas em maio pelo governo
federal para apurar suspeitas de
desvios na aplicação de recursos
da reforma agrária.
Segundo o auditor Aldair Alves
Frutuoso, o trabalho ainda está
pela metade e não é possível
adiantar se há ou não irregularidades nas cooperativas.
Para Rainha, é um absurdo sair
de Brasília para buscar desvio de
verbas públicas nas cooperativas
do MST.
"Essa intervenção é uma jogada
do governo, que não tem dinheiro
para liberar para o custeio e arma
que não vai liberar nada enquanto
não fizer vistoria."
Rainha diz que o MST não teme
receber críticas da sociedade se fizer os protestos depois que o governo anunciou a liberação de
verbas. "O governo usa os meios
de comunicação para fazer propaganda contra nós, mas a miséria no meio rural está mostrando
que existe um caos social e que, se
o governo não fizer a reforma
agrária, nós vamos fazer por nossa conta."
Ele afirmou que o Pontal não é
um Eldorado do Carajás, referindo-se ao conflito entre sem-terra e
policiais no Pará que terminou
com a morte de 19 trabalhadores.
"Se houver intervenção da polícia, vamos resistir com as nossas
ferramentas de trabalho."
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