|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procuradoria em SP pede prisão
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
em São Paulo apresentou ontem à
Justiça um aditamento à denúncia contra os envolvidos do desvio
de dinheiro da construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, pedindo a inclusão do nome do senador cassado Luiz Estevão
(PMDB-DF) como participante
das irregularidades.
A Procuradoria da República
também pediu a prisão preventiva do senador cassado.
Caso a Justiça aceite o pedido do
Ministério Público, Estevão passa
a ser réu no processo em que são
acusados o ex-presidente do TRT
(Tribunal Regional do Trabalho)
Nicolau dos Santos Neto, o dono
da construtora Incal, responsável
pelas obras do fórum, Fábio Monteiro de Barros, e o diretor-executivo da construtora, José Eduardo
Teixeira Ferraz.
Estevão, assim como os demais
envolvidos, é acusado pelo Ministério Público de formação de quadrilha, peculato, estelionato, corrupção e falsidade ideológica.
A juíza substituta da 1ª Vara Criminal Federal, Raecler Baldresca,
deve decidir pela inclusão do nome de Luiz Estevão até o final desta semana. Baldresca também decidirá se decretará a prisão preventiva do senador cassado.
A procuradora da República, Janice Agostinho Ascari, responsável pelo pedido de aditamento da
denúncia, alegou manutenção da
ordem pública, magnitude da lesão e conveniência à instrução
criminal para pedir a prisão preventiva do senador.
Os advogados de Luiz Estevão
em São Paulo apresentaram ontem uma petição à Justiça pedindo que não seja decretada a prisão
do senador cassado.
Segundo Roberto Podval, advogado de Estevão, a petição foi feita
com o intuito de esclarecer à juíza
que o senador cassado não pretende ficar foragido da polícia.
Podval afirmou que Estevão deve se apresentar à Justiça assim
que for determinado. "Ele está
aqui em São Paulo inclusive para
se entregar à polícia, se necessário. Mas não há fundamento para
a prisão dele neste momento."
Na petição, o advogado do senador afirma que a prisão seria um
instrumento da mídia e que o julgamento de Estevão no Senado
Federal não poderia ser levado em
consideração para a decretação
da prisão, pois "ali o julgamento
era político e não jurídico".
Podval também diz que o clamor público não poderia ser levado em consideração para embasar um decreto de prisão preventiva. O juiz Ronaldo Desterro, da
10ª Vara Criminal Federal de Brasília, considerou o clamor público
na sexta-feira passada, quando
decretou a prisão preventiva do
senador cassado.
Santos Neto, Monteiro de Barros e Teixeira Ferraz tiveram a
prisão preventiva decretada pelo
juiz Casem Mazloum, titular da 1ª
Vara. Mazloum considerou a garantia da ordem pública para decretar a prisão dos envolvidos.
Depois de presos pela Polícia
Federal, os empresários tiveram a
prisão preventiva revogada pela
Justiça. O Ministério Público também entrou ontem com recurso
contra a revogação da prisão dos
dois empresários. O juiz aposentado continua foragido da polícia
e não teve a revogação de sua prisão concedida pela Justiça.
Para os procuradores da República em São Paulo, há muitos indícios do envolvimento de Estevão com os responsáveis pela
construção do fórum que desviou
cerca de R$ 169 milhões dos cofres
públicos.
Segundo investigações do Ministério Público Federal e da CPI
do Judiciário em 99, mais de R$ 62
milhões foram transferidos de
contas do Grupo Monteiro de
Barros para contas dos Grupo
OK, de Luiz Estevão durante a
construção do fórum trabalhista.
A quebra de sigilo telefônico
dos envolvidos também mostrou
ligações entre Monteiro de Barros, Santos Neto e Estevão desde
92, quando as obras para a construção do fórum começaram.
Em 98, quando foram paralisadas, a construção já havia consumido cerca de R$ 230 milhões dos
cofres públicos e apenas 60% do
prédio, que deveria ter sido entregue em 96, estava pronto.
Texto Anterior: Procurador pede envio de processos à Justiça comum Próximo Texto: "Liga para o celular", afirma ex-senador Índice
|