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SÃO PAULO
Capital passou de R$ 75 mil em 96, quando começou a fornecer material hospitalar, para R$ 6,8 milhões em 98
Empresa suspeita do PAS cresceu 90 vezes
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dois anos, o capital social da
Matmed -empresa envolvida
em suposta proposta de suborno
para manutenção de esquema de
corrupção no PAS- cresceu
mais de 90 vezes em comparação
com o valor declarado na Junta
Comercial de São Paulo, em 1996.
Segundo documentos obtidos
pela Polícia Civil, o capital declarado -dinheiro investido pelos
sócios na empresa- da Matmed
em 1996 era de R$ 75 mil e passou
para R$ 6,8 milhões em 1998.
Foi a partir de 1995 que a Matmed começou a fornecer material
hospitalar para a Prefeitura de
São Paulo e, depois, para o PAS
(Plano de Atendimento à Saúde).
O crescimento do capital é investigado pelo Ministério Público
e pela Secretaria Estadual da Fazenda, que analisam suposto enriquecimento ilícito dos donos da
Matmed, Mauro e Amauri Alves
Pereira, e de seus familiares.
A Folha não localizou os irmãos
Alves Pereira em suas casas ou na
empresa para responder ao Ministério Público.
Segundo a ex-chefe de gabinete
do ex-secretário da Saúde José
Aristodemo Pinotti, Maria Lúcia
Tojal, Mauro teria oferecido R$ 5
milhões para que fosse mantido
um esquema de corrupção na secretaria.
A Matmed recebe cerca de R$
350 mil mensais do Módulo Leste
do PAS -além de fazer vendas
eventuais a outros módulos. No
total, as cooperativas dos PAS devem R$ 985,8 mil à empresa, referentes a vendas acumuladas desde 1998.
Carros
Para comprovar o suposto enriquecimento ilícito, o Ministério
Público está investigando o crescimento patrimonial dos irmãos
Mauro e Amauri Alves Pereira,
das respectivas mulheres e dos
pais dos empresários.
Os pais e as mulheres, segundo a
promotoria, emprestariam os nomes para outras empresas de fachada usadas pela Matmed.
De acordo com o Ministério Público, Mauro adquiriu, em 1998,
um Citröen Xantia (R$ 18 mil) e
uma camionete Ford Ranger, por
R$ 29.500.
No mesmo ano, Amauri, por
sua vez, adquiriu, em 1998, um
Palio ED (R$ 10.500) e uma Blazer
1999, avaliada em R$ 49 mil.
A promotoria investiga se os
bens dos empresários estão em
nome deles ou de outras pessoas.
Pelos dados cadastrais do Detran, consultados ontem pela Folha, Mauro tem em seu nome um
Fiat 147, do ano de 1980, e um Polo Classic, de 1998.
Em nome de Amauri, segundo
o Detran, consta apenas a Blazer.
O pai dos empresários, Guerino
Alves Pereira, tem uma camionete Nissan Pathfinder 98.
Depoimento
O empresário Amauri Alves Pereira foi intimado pela Polícia Civil para prestar depoimento no
Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos).
O inquérito apura denúncias de
estelionato -a empresa teria repassado para órgão públicos medicamentos em quantidades menores às vendidas- e de superfaturamento dos preços.
Amauri deve comparecer à delegacia na próxima sexta-feira.
Essa é a segunda vez que Amauri é intimado. Na primeira, não
compareceu porque informou estar viajando. O empresário Mauro Alves Pereira já foi ouvido pela
polícia no inquérito e, em seu depoimento, negou ter praticado as
supostas irregularidades.
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