São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2000


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SÃO PAULO
Capital passou de R$ 75 mil em 96, quando começou a fornecer material hospitalar, para R$ 6,8 milhões em 98
Empresa suspeita do PAS cresceu 90 vezes

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em dois anos, o capital social da Matmed -empresa envolvida em suposta proposta de suborno para manutenção de esquema de corrupção no PAS- cresceu mais de 90 vezes em comparação com o valor declarado na Junta Comercial de São Paulo, em 1996.
Segundo documentos obtidos pela Polícia Civil, o capital declarado -dinheiro investido pelos sócios na empresa- da Matmed em 1996 era de R$ 75 mil e passou para R$ 6,8 milhões em 1998.
Foi a partir de 1995 que a Matmed começou a fornecer material hospitalar para a Prefeitura de São Paulo e, depois, para o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
O crescimento do capital é investigado pelo Ministério Público e pela Secretaria Estadual da Fazenda, que analisam suposto enriquecimento ilícito dos donos da Matmed, Mauro e Amauri Alves Pereira, e de seus familiares.
A Folha não localizou os irmãos Alves Pereira em suas casas ou na empresa para responder ao Ministério Público.
Segundo a ex-chefe de gabinete do ex-secretário da Saúde José Aristodemo Pinotti, Maria Lúcia Tojal, Mauro teria oferecido R$ 5 milhões para que fosse mantido um esquema de corrupção na secretaria.
A Matmed recebe cerca de R$ 350 mil mensais do Módulo Leste do PAS -além de fazer vendas eventuais a outros módulos. No total, as cooperativas dos PAS devem R$ 985,8 mil à empresa, referentes a vendas acumuladas desde 1998.

Carros
Para comprovar o suposto enriquecimento ilícito, o Ministério Público está investigando o crescimento patrimonial dos irmãos Mauro e Amauri Alves Pereira, das respectivas mulheres e dos pais dos empresários.
Os pais e as mulheres, segundo a promotoria, emprestariam os nomes para outras empresas de fachada usadas pela Matmed.
De acordo com o Ministério Público, Mauro adquiriu, em 1998, um Citröen Xantia (R$ 18 mil) e uma camionete Ford Ranger, por R$ 29.500.
No mesmo ano, Amauri, por sua vez, adquiriu, em 1998, um Palio ED (R$ 10.500) e uma Blazer 1999, avaliada em R$ 49 mil.
A promotoria investiga se os bens dos empresários estão em nome deles ou de outras pessoas.
Pelos dados cadastrais do Detran, consultados ontem pela Folha, Mauro tem em seu nome um Fiat 147, do ano de 1980, e um Polo Classic, de 1998.
Em nome de Amauri, segundo o Detran, consta apenas a Blazer.
O pai dos empresários, Guerino Alves Pereira, tem uma camionete Nissan Pathfinder 98.

Depoimento
O empresário Amauri Alves Pereira foi intimado pela Polícia Civil para prestar depoimento no Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos).
O inquérito apura denúncias de estelionato -a empresa teria repassado para órgão públicos medicamentos em quantidades menores às vendidas- e de superfaturamento dos preços.
Amauri deve comparecer à delegacia na próxima sexta-feira.
Essa é a segunda vez que Amauri é intimado. Na primeira, não compareceu porque informou estar viajando. O empresário Mauro Alves Pereira já foi ouvido pela polícia no inquérito e, em seu depoimento, negou ter praticado as supostas irregularidades.


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