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JANIO DE FREITAS
A melhor imagem
Quem pensa que a criminalidade no Rio e em São Paulo é
o melhor retrato da degradação
brasileira está enganado. Deve
sua desinformação aos jornais e
telejornais, contaminados pelo
vício dos políticos paulistas de só
reconhecer, no Brasil, São Paulo
e Rio. A melhor imagem da alucinação em que o Brasil se meteu
é dada pelo Espírito Santo.
É difícil imaginar no mundo
uma região que se tenha deteriorado tanto, em tão poucos anos e
em tantos sentidos, como aconteceu ao suave Espírito Santo. Pudera, não seria fácil encontrar
uma sucessão tão persistente de
péssimos governantes, como vem
acontecendo ali.
Foi por um processo acelerado,
talvez não mais de uma década,
que no Espírito Santo o poder político assumiu progressivamente
forma de bandidagem e a bandidagem assumiu forma de polícia.
Eleito governador, Vitor Buaiz
ainda tentou deter o processo no
começo dos anos 90. Em vão. Hoje, o que lá existe de decente no
Poder Judiciário julga sob risco
de morte. O governador José Inácio Ferreira está encoberto por
evidências de corrupção e de
acumpliciamentos dos piores gêneros.
A intervenção federal no Espírito Santo é uma das providências que se deve lamentar, por
sua natureza, e saudar por responder a uma necessidade. É
problemática, porém. Tanto tardou, apenas por conveniências
do apoio ao governo no Congresso, que lhe será muito difícil lidar
com a situação de extremadas
complexidades, repleta de pontos
de putrefação absoluta no dispositivo estadual.
Mas, se não for para enfrentá-los, senão apenas para atender
um caso aqui e outro ali, a intervenção será capaz de deixar no
Espírito Santo perspectivas ainda piores, com mais vinditas e
mais deterioração institucional.
Renúncia
A senadora Heloísa Helena é,
na linguagem de bate-papo,
uma figura. A discrição do seu
vestir senatorial -calça jeans e
blusa branca bem fechada, cabelos esticados e sem pintura, quase uma freira moderna- parece
uma compensação para o gosto
pelo espalhafatoso na atividade
política. Nem por isso se saindo
bem com os gritos e insultos costumeiros, como no caso do voto
dado ou não em favor do então
senador Luiz Estevão, cuja comprovação que a livrasse de eventuais suspeitas a senadora não
providenciou.
Por motivos éticos, a senadora
Heloísa Helena renuncia à candidatura ao governo de Alagoas,
não admitindo aliar-se agora,
como se aliou no passado, a muitos dos que integram o PL alagoano. Os motivos invocados pela senadora são respeitáveis.
Não custa lembrar, porém, que
os repelidos por ela jamais a
apoiariam mesmo. Com ou sem
a coligação de PL e PT, vão estar
no palanque de Collor, cujo lançamento e favoritismo fazem um
motivo simples e forte para muitas reconsiderações repentinas
na política alagoana.
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