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NO AR
Medo
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
"Terror nos EUA", proclamou a Bandeirantes,
às pressas.
Um ministro de Israel foi na
mesma linha, no canal de notícias da BBC:
- Quando um atirador abre
fogo contra passageiros da El Al
(empresa aérea de Israel) num
aeroporto internacional, você
tem que presumir que é um ato
de terrorismo.
Não tão rápido na conclusão,
reagiu o prefeito de Los Angeles.
Não haveria indícios, segundo
ele, de que o tiroteio teve "conexão com terrorismo".
Mas "foi um ato terrorista",
replicou ainda mais definitivamente um comunicado da El Al,
ainda na BBC.
Entende-se a pressa da Band e
a conclusão israelense.
Aguardavam todos, sobretudo
nos Estados Unidos, um ataque
assim. Mas foi exatamente nos
EUA que a notícia foi tratada
com mais cautela. Até na açodada CNN, que não demorou
para registrar:
- Parece ter sido um incidente isolado.
Mas o dia era de nervos à flor
da pele. Não muito longe do
mesmo aeroporto de Los Angeles, caiu um monomotor -e de
novo a Band recorreu ao bordão
"terror nos EUA".
E de novo se ouviu, agora da
parte do FBI, que "a queda do
avião parece ser fato isolado".
Mas havia mais -e aí a CNN
cedeu à tensão.
Não afirmou nada definitivamente, mas registrou que um
iraquiano com "relações familiares muito próximas com Saddam Hussein" havia sido preso
na Flórida.
Um "enteado", afirmaram os
telejornais brasileiros, que além
de tudo teria procurado aulas
de vôo como os terroristas do 11
de setembro.
A televisão prosseguiu assim,
aos sobressaltos sem fim. Mas,
ao menos até a conclusão desta
coluna, não havia nada além de
medo.
Ou, num sinônimo: terror.
A Globo ainda evita falar das
pesquisas que apresentariam o
crescimento de Ciro Gomes, mas
já cobre a disputa direta com José Serra. Afinal, os dois parecem
estar num confronto só deles,
nos últimos dias.
Serra, anteontem, acusou Ciro
de ameaçar com calote da dívida pública, travestido de "renegociação". Ontem, Ciro responsabilizou Serra pelo crescimento
da dívida.
No seu canto, como se quisesse
voltar à briga e retomar o discurso de oposição perdido para
Ciro, Lula saiu dizendo, em pleno Jornal Nacional:
- Nós não queremos a lógica
dos fundamentos econômicos
deles (do governo).
E pouco importa o mercado.
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