São Paulo, sexta-feira, 05 de julho de 2002

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NO AR

Medo

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

"Terror nos EUA", proclamou a Bandeirantes, às pressas.
Um ministro de Israel foi na mesma linha, no canal de notícias da BBC:
- Quando um atirador abre fogo contra passageiros da El Al (empresa aérea de Israel) num aeroporto internacional, você tem que presumir que é um ato de terrorismo.
Não tão rápido na conclusão, reagiu o prefeito de Los Angeles. Não haveria indícios, segundo ele, de que o tiroteio teve "conexão com terrorismo".
Mas "foi um ato terrorista", replicou ainda mais definitivamente um comunicado da El Al, ainda na BBC.
Entende-se a pressa da Band e a conclusão israelense.
Aguardavam todos, sobretudo nos Estados Unidos, um ataque assim. Mas foi exatamente nos EUA que a notícia foi tratada com mais cautela. Até na açodada CNN, que não demorou para registrar:
- Parece ter sido um incidente isolado.
Mas o dia era de nervos à flor da pele. Não muito longe do mesmo aeroporto de Los Angeles, caiu um monomotor -e de novo a Band recorreu ao bordão "terror nos EUA".
E de novo se ouviu, agora da parte do FBI, que "a queda do avião parece ser fato isolado". Mas havia mais -e aí a CNN cedeu à tensão.
Não afirmou nada definitivamente, mas registrou que um iraquiano com "relações familiares muito próximas com Saddam Hussein" havia sido preso na Flórida.
Um "enteado", afirmaram os telejornais brasileiros, que além de tudo teria procurado aulas de vôo como os terroristas do 11 de setembro.
A televisão prosseguiu assim, aos sobressaltos sem fim. Mas, ao menos até a conclusão desta coluna, não havia nada além de medo.
Ou, num sinônimo: terror.
 
A Globo ainda evita falar das pesquisas que apresentariam o crescimento de Ciro Gomes, mas já cobre a disputa direta com José Serra. Afinal, os dois parecem estar num confronto só deles, nos últimos dias.
Serra, anteontem, acusou Ciro de ameaçar com calote da dívida pública, travestido de "renegociação". Ontem, Ciro responsabilizou Serra pelo crescimento da dívida.
No seu canto, como se quisesse voltar à briga e retomar o discurso de oposição perdido para Ciro, Lula saiu dizendo, em pleno Jornal Nacional:
- Nós não queremos a lógica dos fundamentos econômicos deles (do governo).
E pouco importa o mercado.


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