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Chance de medida
ser aprovada no
Supremo é remota
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
É remota a possibilidade de o
STF (Supremo Tribunal Federal)
aprovar a decretação de intervenção federal no Espírito Santo, porque essa medida é considerada
excepcionalíssima e vista como
exemplo do ditado segundo o
qual um remédio forte demais
pode matar o paciente.
Se esse caso for levado adiante
pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, por
meio de representação no STF, o
seu provável desfecho será a busca de uma solução política alternativa, como ocorreu em Alagoas,
em 1997, quando um acordo com
o governo federal permitiu uma
intervenção branca.
"A intervenção é algo excepcionalíssimo", disse ontem o presidente do Supremo, ministro Marco Aurélio de Mello, que assumiu
interinamente às 17h30 a Presidência da República.
Ele não descartou, entretanto, a
chance de rápida tramitação.
Também há no STF cerca de 2.000
pedidos de intervenção em São
Paulo por falta de pagamento de
precatórios (dívidas judiciais),
com o julgamento dos primeiros
marcado para 7 de agosto.
Tanto no meio jurídico quanto
no campo político, acredita-se
que o remédio da intervenção
contém consequências políticas e
institucionais gravíssimas. Ela
impediria, por exemplo, a promulgação de emendas constitucionais durante a sua vigência. O
paciente atingido pelo remédio
seria o Estado.
O ministro do STF que comparou a intervenção ao remédio forte disse que essa medida tende a
ter longa duração. Os graves problemas que a motivariam, como a
violação de direitos humanos no
exemplo do Espírito Santo, provavelmente não poderiam ser resolvidos em poucos meses pelo
interventor.
A valorização da saída política é
tanta que, antes de submeter um
pedido de intervenção aos colegas, o presidente do Supremo,
que é o relator dessas causas, tem
que tentar a conciliação por meio
de audiências.
Em 1991, o STF rejeitou a intervenção federal em Mato Grosso,
pedida com o argumento de violação de direitos humanos. Três
homens que tinham praticado
roubo em uma casa em Matupá, a
700 km de Cuiabá, foram presos
por policiais e depois espancados,
mortos e queimados.
Os ministros consideraram que
as autoridades tinham tomado as
providências adequadas para
apurar as responsabilidades.
Em outro julgamento, o Supremo chegou a aprovar a decretação
da intervenção federal em Goiás,
mas essa ordem nunca foi cumprida. O motivo foi o descumprimento pela polícia local de uma
decisão judicial de reintegração
de posse.
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