São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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Painel

O valor da persuasão

Um grande banco "pediu" a um deputado pepebista que tem a língua afiada que diminuísse o tom crítico em relação ao governo durante a campanha. Por incrível coincidência, a instituição contribuiu generosamente para sua eleição à Câmara em 94.


De olho na política

David Zylbersztajn não está cuidando apenas da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Tem feito embaixadas políticas, como levar personalidades para conversar com FHC em segredo. Assumiu algumas funções que eram de exclusividade de Eduardo Jorge (ex-Secretaria Geral).


Calcanhar-de-aquiles
O PSDB faz levantamento de todos os votos corporativos dados pelo PT na votação das reformas. Para municiar os candidatos tucanos ao Legislativo, que serão orientados a uniformizar o discurso, dizendo que a oposição defende privilégios.

Salomé do cerrado
Campeão na arte da sobrevivência no cargo, Vicente Chelloti (Polícia Federal) se antecipou e entregou ele próprio as cabeças de dois delegados afastados por serem acusados de irregularidades. Na quarta tem mais.

Eleição com reeleição
O "Diário Oficial" do Pará circulou anteontem com mais de 200 nomeações para o governo do tucano Almir Gabriel.

Lamento tucano
Reação de Aécio Neves (PSDB-MG) à possibilidade de FHC subir também no palanque de Maluf em São Paulo, aventada por Euclides Scalco: "Isso é inadmissível. O grande prejudicado não seria nem o Covas. Seria o próprio presidente".

Me engana que eu gosto

Tucanos ficaram alegres com o fato de FHC ter declarado no encontro do PMDB na quinta que defenderá as "cores" do PSDB nas eleições estaduais. Mas duvidam que o presidente diga o mesmo em uma reunião do PFL.


Jogo próprio
Decidido: Ramez Tebet (PMDB-MS) presidirá a Comissão de Orçamento do Congresso, função que era reivindicada pelo PFL. Com o apoio de ACM, que não quer marola com o PMDB, que está fechado com sua reeleição para o Senado.

Peregrinação

Eduardo e Marta Suplicy, do PT, visitam Israel na terça e na quarta. A convite do rabino Henry Sobel, terão encontros com Arafat e Shimon Peres.


No centro...

Professores da USP concluíram pesquisa, financiada pela Fapesp e que vem sendo feita desde as eleições de 89, sobre o voto do brasileiro. O eleitor teria perfil moderado e desejaria mudanças com ordem e estabilidade. Votaria com coerência e com fidelidade às suas convicções.


...e pragmático

Segundo pesquisa, as principais razões para a escolha são: 1) identificação (candidato de sua profissão, região ou partido), 2) oposição (candidatos que têm os mesmos adversários que o eleitor) e 3) expectativa de desempenho (opta por quem acredita que irá realizar o que ele espera e que precisa concretamente).




Pura maldade

Deputados fazem piada com o painel de votação novo que será instalado na Câmara durante o recesso. Brincam que irão batizá-lo de "Espaço Antonio Kandir", tucano que errou na hora de apertar o botão e fez o governo perder por apenas um voto na reforma da Previdência.


Lama garantida
A exemplo de Eduardo Azeredo (PSDB), Newton Cardoso (PMDB) espalha que também está montando um dossiê sobre o governo tucano em Minas.


Boa alternativa

A ONG Andi, a Unicef, o Ilanud e a Fundação Educar lançam, dia 13 de agosto, no STF, o "Prêmio Sócio-Educando". Um dos objetivos é estimular a aplicação pela Justiça de penas educativas a menores infratores.


E-mail:±painel@uol.com.br
TIROTEIO

De José Dirceu, presidente do PT, sobre FHC e Jorge Bornhausen (PFL) dizerem que a reforma política será uma prioridade se o atual governo for reeleito:
- Os partidos podem instituí-la. Não o fazem porque são peças de ficção. O PT já tem fidelidade partidária e aplica. O governo teve maioria durante três anos e meio e só fez reformas que não levaram a nada. É mais uma farsa.


CONTRAPONTO
Remédio tipicamente brasileiro

Em 1989, depois de ter deixado a Prefeitura de São Paulo, Jânio Quadros viajou para a Inglaterra, país que adorava. Lá, encontrou Augusto Marzagão, que fora seu assessor no governo paulista e na passagem relâmpago pela Presidência.
Os dois foram visitar um clube de pólo nas proximidades do famoso Castelo de Windsor. O diretor do clube, um inglês tradicionalista até o último fio de cabelo, ciceroneou os brasileiros.
Jânio e Marzagão começaram a ficar contrariados com a paixão do inglês pelo pólo. Ele citava regras, detalhes, jogadores etc. E fazia questão de ressaltar que era um esporte da nobreza e que assim deveria ser mantido.
No final, o inglês perguntou:
- Vocês costumam jogar pólo no Brasil?
Jânio fez sinal de mais ou menos com as mãos e arrematou, esbugalhando os olhos:
- O pólo é uma doença tão cara, tão cara, que somente se cura com a pobreza!



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